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Diálogo intercontinental sobre futebol, com toques de política, economia e cultura.

Primeiro Round para os 'hermanos', por pontos

Edu: Vamos excluir de cara os grupos de Argentina e França, que, convenhamos, são dois docinhos de coco, em homenagem à Bahia. Se tirarmos também as chaves de Bélgica e Suíça, que provavelmente não apresentarão novidades, ficamos com quatro grupos mais competitivos, sendo que dois me parecem grupos da morte, principalmente pelos locais dos jogos. Mas comecemos por A e B. Para o Brasil, a estréia deve ser tranquila, mas o México tem histórico de complicar. E para a Espanha no Grupo B?

Por Carles Martí (Espanha) e José Eduardo Carvalho (Brasil)
Atualização:

Carles: Pior que os adversários, só a ordem de jogos da Espanha. Tradicionalmente, o problema de La Roja reside em esquentar, portanto a Holanda de cara é mais que complicado (quente será a temperatura em Salvador). E se não ganhar, o que não é difícil, entram contra Chile - uma das seleções mais em forma atualmente - nervosos. Nessa trajetória, até a baba do grupo, Austrália, pode complicar, no caso de a seleção espanhola precisar desesperadamente de um determinado resultado, na última rodada da fase.

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Edu: Até aceito que o problema seja esquentar, basta lembrar a derrota para a Suíça na África. Mas Austrália não dá pra assustar ninguém, né Carlão... O que me parece um problema da estreia é o clima de Salvador, mas é algo que talvez afete mais o time holandês, também porque a Roja tem a experiência da Confecup. Sinceramente, ainda que o grupo não seja fácil, para a Espanha não haverá dificuldades contra Chile e Austrália. O principal é que, se o Brasil passar em primeiro, pega o segundo desse grupo, ou seja, teríamos uma primeira possível final antecipada logo nas oitavas.

Carles: Também pensei nisso, o clima de Salvador pode ser pior para os holandeses mesmo. Estou com peninha de vocês, uuuuuuu, que medo, México. Deixa de fingir porque até a segunda fase, não tem motivo para nenhuma ruga. A maior vantagem é que esses adversários do Brasil, além de mais fracos todos, têm estilo de deixar jogar. Se precisar, inclusive, Camarões pode virar aquele Zaire de 1974, guardadas as devidas proporções. Mas acho que não vai precisar, não. No caso da Espanha, Chile é a seleção que joga com maior intensidade atualmente. E Austrália em si não é um problema, provavelmente  já estará desclassificada, vai querer se consagrar contra a vigente campeã principalmente, como disse, se La Roja entrar precisando marcar quatro gols ou coisa do gênero. Aí eles vão jogar no desespero dos espanhóis, colocando o ônibus na frente do gol, se for preciso.

Edu: Conversa mole... Se a Austrália assusta a campeã do mundo, onde vamos parar? E não acho que o Brasil corra riscos, mas não é agradável enfrentar os mexicanos, só isso. A Croácia, inclusive, parece o rival ideal para uma abertura de festa, até porque não terá seu jogador mais perigoso, Mandzukic, que fez o favor de ser expulso contra a Islândia. Não acho que Modric e Raktic sejam suficientes contra o Brasil diante de sua torcida. Chegamos então ao Grupo D, esse sim um torpedaço, com três campeões mundiais, e mais pelos locais dos jogos. Só um exemplo: Inglaterra e Itália estreiam na Copa jogando em Manaus!

Carles: Acabo de ouvir as declarações de Del Bosque, Van Gal e Sampaoli diretamente da Costa de Sauípe. Pobres! Antes do sorteio e diante da insistência dos jornalistas, o único desejo do Marquês dos Nabos era não ter o Chile no grupo. Confessou também que, pela manhã, ele e o resto dos integrantes da delegação fizeram um bolão e ele acertou, incluindo o adversário da estreia. Esperemos que, nessa linha de grande oráculo, ele preveja bons resultados para o seu time. Complicado para a Inglaterra, sobretudo, se bem que a Itália insiste em nos surpreender sempre, para bem e para mal. Quer saber? Na prática, o Grupo G é ainda mais complicado. Se tem alguém que podia complicar a vida da Alemanha era Cristiano e seus partners, que costumam reagir pior quando enfrentam os azarões. E Gana já eliminou os ianques na Copa da África do Sul, ganhando por 2 a 1. É o que acontece quando o mais longe que se estuda em geografia é o Alaska. Aposto 5 euros que esse grupo chega à última rodada quase empatado.

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Edu: São definitivamente dois grupos da morte. O Uruguai pode levar até vantagem porque faz o primeiro jogo mais tranquilo, contra Costa Rica, enquanto ingleses e italianos não podem se dar ao luxo de jogar para empatar na calorenta e úmida Manaus. Diria até que eles decidem uma das vagas nesse primeiro confronto. Ouvindo o pessoal do Uruguai agora há pouco, deu para perceber que eles adoram grupos difíceis, sabem que esse time tem uma especial atração por momentos de limite emocional e físico. Também acho um problemaço para a Alemanha pegar logo de cara os portugueses na Fonte Nova, onde haverá uma massa lusitana apoiando Cristiano Ronaldo, esteja certo. Não é um grupo nada confortável para os alemães, que vão a Fortaleza enfrentar Gana em um ambiente totalmente afro e depois fecham o grupo contra o encardido time americano, jogando provavelmente sob uma umidade de 10% em Brasília. Aliás, imagino que neste momento as comissões técnicas estão tabulando todos os dados climáticos das sedes para finalizar os planejamentos. E até nisso Argentina e França se deram bem...

Carles: A última atuação de Luisito Suárez na Premier, justamente contra os ingleses do Norwich, deve ter animado Tabárez. Acho que o grande vencedor do primeiro round desta Copa são mesmo os argentinos, não só podem passar tranquilamente pela primeira fase, como também pela a segunda, com os cruzamento justamente contra os classificados do grupo dos mais favorecidos até aqui e não pelo acaso, os franceses. A Nigéria conta com a vantagem da aclimatação da Confecup e apesar da evolução, não espero que a Suíça faça o seu grande campeonato justamente nos trópicos.

Edu: Bom, se vale como alerta para os hermanos (acho que eles não estão nem aí), a história prova que na maioria das copas não foi muito rentável para os grandes times ter uma primeira fase com adversários muito frágeis, a equipe demora mais a entrar em ritmo de competição e pode pegar adversários embalados nos cruzamentos. Se bem que, nas temperaturas bipolares do Brasil, tudo isso pode ser relativo. Acho que o próximo capítulo importante será mesmo a escolha dos centros de treinamento. A logística pode ser o 12ª jogador de cada seleção neste Mundial.

Carles: Nesse, aspecto, a escolha de Curitiba pela seleção espanhola, compensa o calendário inicial, já que só o primeiro jogo, em Salvador, pode ser considerada uma viagem penalizadora (poderia ter sido bem pior!). Imagino que, por sua parte, a equipe de Van Gaal já terá nomeado Clarence Seedorf o espião oficial da corte Orange. Aliás, vi uma participação do ex-madridista num programa esportivo da TV brasileira e ele deu um show de bom critério e sentido crítico nos teóricos profissionais da crônica especializada. Pode ser um grande reforço logístico para os vices.

Edu: Certamente será.

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Distribuição dos Grupos para primeria fase da Copa do Mundo 2014, no Brasil Foto: Estadão