Carles: É possível que o fator decisivo seja, no final das contas, as vendas. E parece que, como nas roupas de passeio, a indústria têxtil impõe a cada temporada um tom que se repete e repercute pelo mundo inteiro. Recordo em determinada época ter sido complicado para o Corinthians impor um segundo uniforme todo preto e, entretanto, mais recentemente quase todos os clubes tiveram uma versão desse estilo. Tivemos o ano do rosinha, que o Getafe adotou por aqui, mas que o Palermo italiano sempre desfilou por Europa. Ou aquela fase das fosforescentes, do Borússia Dortmund ao Chelsea.
Edu: A rosinha do Palermo é o típico caso de tradição arraigada mesmo, e por isso aceita por todas. Mas a Juventus de Turim tem um modelo rosa que é um desastre, virou piada para os rivais. E alguns casos de tradição são estranhos. A camisa escura do Real Madrid, preta ou azul, é a antítese da própria imagem institucional do clube, os merengues. Mas são camisas muito bonitas e imagino que vendáveis...
Carles: Muito menos que a tradicional, a branca, campeã absoluta de vendas.
Edu: Mesmo caso do Santos, que inventou uma camisa azul turquesa.
Carles: Estava aí quando eles estrearam, incluindo, se me recordo bem, a desclassificação nas semifinais da Libertadores, não é isso?
Carles: O design fortíssimo da camiseta de 'losxeneizes' (Boca Juniors), na verdade, está associada a esportes mais elitistas como o polo ou o próprio rúgbi.
Edu: Mas ganha outra conotação com o Boca. É como o Peñarol, que tem uma camisa idêntica às usadas nos campeonatos 'da firma' aqui em São Paulo. Mas, vestida pelos jogadores do Peñarol, no Estádio Centenário lotado, têm vida própria, puro magnetismo.