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Diálogo intercontinental sobre futebol, com toques de política, economia e cultura.

Tradição e camisas com vida própria

 

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Por Carles Martí (Espanha) e José Eduardo Carvalho (Brasil)
Atualização:

Edu: Isso de manter a tradição temos por aqui também. Mas basta o rival fazer algo diferente para mudar tudo e o clube também lançar uma novidade. Se bem que, no fundo, é uma estratégia do fabricante. O clube entra na onda e o torcedor vai junto. Quando a camisa não vende, discretamente é retirada de circulação. Mas o design das camisas de futebol evoluiu demais, algumas são realmente muito bonitas.

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Carles: É possível que o fator decisivo seja, no final das contas, as vendas. E parece que, como nas roupas de passeio, a indústria têxtil impõe a cada temporada um tom que se repete e repercute pelo mundo inteiro. Recordo em determinada época ter sido complicado para o Corinthians impor um segundo uniforme todo preto e, entretanto, mais recentemente quase todos os clubes tiveram uma versão desse estilo. Tivemos o ano do rosinha, que o Getafe adotou por aqui, mas que o Palermo italiano sempre desfilou por Europa. Ou aquela fase das fosforescentes, do Borússia Dortmund ao Chelsea.

Edu: A rosinha do Palermo é o típico caso de tradição arraigada mesmo, e por isso aceita por todas. Mas a Juventus de Turim tem um modelo rosa que é um desastre, virou piada para os rivais. E alguns casos de tradição são estranhos. A camisa escura do Real Madrid, preta ou azul, é a antítese da própria imagem institucional do clube, os merengues. Mas são camisas muito bonitas e imagino que vendáveis...

Carles: Muito menos que a tradicional, a branca, campeã absoluta de vendas.

Edu: Mesmo caso do Santos, que inventou uma camisa azul turquesa.

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Carles: Estava aí quando eles estrearam, incluindo, se me recordo bem, a desclassificação nas semifinais da Libertadores, não é isso?

Carles: O design fortíssimo da camiseta de 'losxeneizes' (Boca Juniors), na verdade, está associada a esportes mais elitistas como o polo ou o próprio rúgbi.

Edu: Mas ganha outra conotação com o Boca. É como o Peñarol, que tem uma camisa idêntica às usadas nos campeonatos 'da firma' aqui em São Paulo. Mas, vestida pelos jogadores do Peñarol, no Estádio Centenário lotado, têm vida própria, puro magnetismo.

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