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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Dunga, aposta de altíssimo risco

A volta de Dunga à seleção brasileira pode ser analisada por vários ângulos - poucos deles favoráveis.

Foto do author Almir Leite
Atualização:

Mostra, por exemplo, a incapacidade da dupla Marin/Del Nero em renovar, modernizar.

É a segunda vez que, em vez de olhar para frente, miram o passado.

A dupla Felipão/Parreira foi contratada por ser a união dos dois últimos técnicos campeões do mundo.

Passado.

Dunga foi contratado por.... Bem sei lá por quê.

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Mas é passado.

A diferença é que Dunga não é ultrapassado como Felipão.

Numa análise fria, pode-se dizer mesmo que foi o melhor que tivemos em termos de treinador desde 2002 - sim, Parreira em 2006 também já estava ultrapassado.

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Não pelos dois títulos - Copa América de 2007 e Copa das Confederações de 2009.

Nem pelo bronze olímpico (aí c0m outra seleção, não a principal, em 2008).

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Mas porque chegou a fazer a seleção jogar um futebol competitivo, embora longe de ser brilhante e tenha deixado de lado algumas características do futebol brasileiro, como habilidade, criatividade e poder de improviso - características que deveriam salutarmente ser retomadas nesse momento de reconstrução.

O problema é que Dunga meteu os pés pelas mãos. E se perdeu.

Por sua mania de achar que o mundo está contra ele, brigou com todo mundo.

Torcida e imprensa.

Generalizou. E se ferrou.

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Criou um ambiente hostil para si e seus jogadores.

Inseguro, deixou de lado, na Copa de 2010, talentos emergentes como Neymar e Ganso - que na época estava muito bem (quem garante que, com um histórico desses, fará renovação agora?)

Preferiu levar jogadores que também fossem "inimigos'' da imprensa, como Julio Cesar (que merecia ser convocado) e Felipe Mello.

E outros inexpressivos, incapazes de falar um "a'' contra Herr Comandante - aquele lateral-esquerdo, o Michel Bastos, e o boa gente Grafite, por exemplo.

O resultado foi o que se viu: um time pilhado, pressionado a vencer pelo chefe que, quando se viu em maus lençóis, desesperou-se e não teve poder de reação.

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E também se viu um treinador olhando para o banco desalentado, por não ter opções entre seus soldados capazes de ganhar a guerra.

Quatro anos se passaram. Será que Dunga aprendeu, evoluiu?

Não precisa virar um Soneca. Não precisa, e nem deve, aceitar tudo.

Tem mesmo é de retrucar quando a imprensa exagerar. Deve impor limites.

Deve ter também controle emocional.

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Mas quem viu sua reação tresloucada contra um gandula num Inter x Botafogo no Maracanã. no ano passado, tem o direito de duvidar que Dunga evoluiu emocionalmente.

Como treinador, apesar de eu preferir um jogo mais ofensivo e de sua passagem discreta pelo Inter, até que não é dos piores.

No entanto, parece longe de representar a renovação que se faz necessária no futebol brasileiro.

Mas não vamos jogá-lo aos leões logo de cara.

Deixemos, antes, mostrar ao que veio.

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Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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