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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|É Felipão, um dia a sorte tira folga

Dia desses, antes do jogo com a Colômbia, fui chamado a fazer um comentário da rádio Estadão, no jornal apresentado por César Sachetto e Roberto Godoy, e entre outras coisas, disse estranhar o fato de a seleção brasileira quase não treinar. E de não ter jogadas ensaiadas, a não ser as bolas altas - quem não treina não ensaia nada mesmo.

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Foto do author Almir Leite
Atualização:

Mas ponderei que, como médicos e preparadores físicos do Brasil são bastante experientes e tinham um detalhado mapa físico dos atletas, talvez a tese, difundida disfarçadamente pela comissão técnica, de que os jogadores estavam no limite físico e poderiam estourar, tivesse fundamento.

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Admito que não engolia muito tal tese - mesmo porque as outras seleções treinavam muito mais e seus jogadores também estavam em final de temporada, como a maioria dos brasileiro. Mas o time ia segundo em frente, Felipão e sua trupe diziam que sabiam o que estavam fazendo. E admito que aceitava, ainda que desconfiado e a contragosto.

Mesmo porque o time continuava jogando tudo nas costas de Neymar, não tinha jogadas pela lateral, não tinha um armador, não tinha meio-campo (insistia na ligação direta entre defesa e ataque), enfim, não tinha quase nada.

E ainda perdeu o que tinha de bom no jogo com a Colômbia. Diga-se, o íunico em que a seleção jogou bola, apesar de Neymar não ter jogado bem e do sufoco na etapa final.

Mas Felipão continuou acreditando que sorte (e ele tem muita) ganha jogo, ganha Copa. Continuou acreditando que repetir o ritual da Copa de 2002 - não vou detalhar aqui, mas ele fez tudo igual - daria em título.

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Acreditou que puxar o saco da torcida, demagogicamente, pedindo apoio, daria certo. Que falar em complô da Fifa contra o Brasil daria certo, que o hino a capela e os jogadores entrando em campo uns com a mão nos ombros dos outros, que tudo isso resultaria em vitórias.

Quando os jogadores demonstraram descontrole emocional, chamou uma psicóloga. Como se isso, por si só, resolvesse.

Mas treinar que é bom.... Como diria o Romário, "treinar prá quê!''

Felipão acreditava em sua imensa sorte. Esqueceu-se de que um dia até a sorte tira folga. Contra a Alemanha foi esse dia. E como ele ajudou o azar, errando de forma gritante na escalação, deu no que deu.

Felipão só tem razão numa coisa: os 23 jogadores que convocou - e repito, NÃO TREINOU - são o que o futebol brasileiro tem de melhor no momento, com uma ou outra exceção. É duro aceitar, mas essa é a realidade.

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Pobre futebol brasileiro. Tem poucos recursos técnicos e seu treinador mais importante é pra lá de ultrapassado.

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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