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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Neymar foi. Mas ficou a desculpa esfarrapada

Essa que de o craque vai para o Paris Saint-Germain porque o Barcelona depositou em juízo o valor que deveria pagar de luvas não cola, né?

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Foto do author Almir Leite
Atualização:

Neymar trocou o Barcelona pelo Paris Saint-Germain porque quis. Direito dele. Havia (ou há) contrato com cláusula prevendo que ele pode deixar o time da Catalunha desde que multa rescisória seja paga. Portanto, multa paga transferência consumada.Ponto. Final. Pelo menos deveria, ou poderia, ser.

 

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Neymar, repito, exerceu o direito de ser dono de seu nariz. Perfeito. Só não dá para engolir a desculpa esfarrapada que o estafe do craque quer dar para justificar a saída do Barcelona. Não foi porque o clube depositou em juízo no último dia de julho os 26 milhões de euros (algo em torno de R$ 96 milhões) a que o jogador teria direito dono luvas por ter renovado com os espanhóis até 2021.

Não se pode esquecer que há duas semanas, quando o repórter Marcelo Becker, do Esporte Interativo, deu em primeiríssima mão a informação sobre a ida de Neymar para o PSG, ele deixou claro que essa oficialização só ocorreria 15 dias depois. Foi o que ocorreu.

Com o passar dos dias, atentou-se para o motivo que levaria Neymar e seu estafe a não confirmar a mudança para Paris: o Barça tinha até 31 de julho para depositar o dinheiro das luvas.

Só que o clube, ao perceber que Neymar iria mesmo sair, optou pelo depósito judicial, por entender que as luvas acordadas eram referentes ao cumprimento integral do contrato, ou seja, até 2021. Entende o Barça que, como Neymar iria sair antes, não deve pagar as luvas.

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Em resumo, o Barcelona percebeu antes que Neymar não ficaria e fechou o cofre. E Neymar ficou, pelo menos até o fim da discussão judicial que virá, sem o dinheiro das luvas - a não ser que convença o PSG a lhe pagar também esse valor.

Assim, engole a desculpa quem quer. Mas o cheiro de preocupação em usá-la como artifício para tentar preservar a imagem do jogador é impregnante. Há o temor de que Neymar seja considerado ingrato, ambicioso demais e, pior, mercenário. Afinal, vai ter os ganhos, que já eram milionários, dobrados.

Não acho que é o caso de chamar de mercenário quem troca de emprego para ganhar mais. Ainda mais quando na troca também está embutido desafios profissionais. Mas que a preocupação em evitar que a imagem seja arranhada é enorme, isso é.Daí o recurso da desculpa. Esfarrapada e desnecessária.

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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