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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|O novo Neymar (ou o perigo que corre Vinícius)

O garoto realmente é bom de bola, tem futuro, como se pôde observar nos jogos do Flamengo nessa Copa São Paulo. Mas Vinícius Junior, de apenas 16 anos, começa a correr risco de ter sua carreira atrapalhada pelo ufanismo e pela necessidade que a imprensa tem de criar ídolos. Ele está sendo chamado de o "novo Neymar'', por conta de seu grande talento.

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Atualização:

É verdade que apelido foi dado pela imprensa espanhola, visto que o Barcelona, predador como é (garimpa talentos no berço e se aproveita de sua invejável condição financeira para levá-los à Catalunha tão logo larguem as fraldas), já está de olho no menino há dois anos, segundo registros. Mas a imprensa na nacional já começa a entrar na onda.

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Pode-se argumentar que a comparação é apenas uma maneira de "dar um molho'' à cobertura da Copinha, que é inofensiva, até porque, terminado o torneio, Vinicius Junior caíra no esquecimento nacional, pelo menos até vestira camisa da seleção brasileira em alguma categoria de base ou até o torneio do ano que vem. Não creio que seja bem assim.

Ser comparado com o único craque de fato que o futebol brasileiro tem atualmente, pode fazer mal à cabeça do garoto. E. por extensão, a seu futebol. Por isso, espera que o Flamengo - além da providência que, segundo consta, tomou para se preservar, estabelecendo multa de R$ 100 milhões para quem quiser tirá-lo do Ninho -, também trabalhe para evitar que ele se perca em meio a tantos elogios e também saiba conviver com a pressão e a expectativa que se criou em relação a ele.

Do contrário, há o risco de o Vinicius Junior não vingar. Como, aliás, aconteceu com tantos garotos-prodígios estragados pela precipitação da imprensa (que troca de aposta com a facilidade de um viciado em jogo de azar) e pela ganância de cartolas e empresários.

Os fatos corroboram esse risco: nas últimas quatro décadas, o blog viu surgirem vários novos Pelés. Todos ficaram longe disso, óbvio. Mas o pior é que nenhum deles não chegou sequer a se firmar como alguém que pudesse ser definido como um bom jogador.

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Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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