Esperava-se que Elias botasse a boca no trombone, mas evitou polêmicas, tanto no intervalo (ao driblar as perguntas) como após o jogo (saiu às escondidas do estádio em Itaquera). No dia seguinte, num comunicado, lamentou a postura do colega de profissão, admitiu a mágoa e fechou a história ao dizer que sentia pena e não raiva pela atitude tomada dentro de campo.
Elias, com respaldo do Corinthians, preferiu não levar o caso adiante - e isso ocorreria se fosse a uma delegacia apresentar queixa de injúria racial. González provavelmente seria chamado a depor, com o risco de ser detido. Fato semelhante aconteceu anos atrás com o argentino Desábato, que xingou Grafite num jogo entre Quilmes e São Paulo.
A opção de Elias pode ser encarada como madura ou como falta de consciência; ambas não estão fora de sentido. Há uma corrente de opinião que defende reação dura por parte de quem foi ofendido por cor da pele. A alegação é a de que, se nada for feito, o racismo não será extirpado. Outros entendem que a decisão cabe apenas ao agredido e deve ser respeitada.
Entendo que Elias poderia ao menos dar um susto em González, para deixar de ser folgado, para ver que não se ataca alguém e fica por isso mesmo. Ao mesmo tempo, respeito o corintiano, que deu resposta no gramado, com gol e bela apresentação. Fora dele, escolheu o silêncio.