Não há como ser pego desprevenido. Era bola cantada. E cenas como essas ocorreram cinco dias atrás, cinco semanas atrás, cinco meses atrás, cinco anos atrás, cinco décadas atrás. Repetem-se a cada competição de que participam os times mais importantes do Estado. Tanto faz que seja uma final de campeonato, um jogo entre juvenis, basquete, futsal, bocha ou um bate-bola de dentes de leite. Sempre há confusão.
E o que acontece? Só barulho, tumulto, um ou outro gato pingado detido para ser liberado em seguida. Solto para a próxima etapa dessa guerra interminável. Na sequência, vêm as declarações oficiais, de cartolas, de polícia, da Justiça, de prefeitos, governadores, ministros, até presidente. "Ah, porque agora deu, acabou. Apertaremos o cerco daqui em diante."
Balela, papo furado, conversa pra boi dormir. O tempo passa, a violência permanece e o que se vê são atitudes intempestivas num primeiro momento e lenga-lenga posteriormente. Para fazer cortina de fumaça no cidadão desavisado e que crê em medidas enérgicas.Ninguém aguenta mais discursos cheios de ameaças vazias e palavras inúteis.
O mais estarrecedor está no fato de que se trata de figurinhas manjadas, carimbadas essas que vão para estádios a fim de arrumar confusão. Não são casos isolados, não são consequência de desentendimentos ocasionais entre torcedores avulsos! São brigas combinadas, marcadas, rixas antigas e sempre renovadas. Não é difícil detectar os focos.
Por que não se faz nada? Eis um grande, enorme, incômodo mistério. Autoridades têm recursos suficientes - de inteligência, científicos, tecnológicos - para descobrir e desmontar os grupos radicais. E... fica por isso mesmo, até novas arruaças e, quem sabe?, outra morte.
Não é necessário acabar com organizadas; elas podem existir, como qualquer associação. Basta mostrar energia contra os radicais e fazer com que sejam expurgados. E punir quem se envolver em quebradeiras. Complicado isso? Pelo jeito, sim...