Money, tutu, grana!
O torcedor se ilude, sofre, xinga, briga, toma chuva. Acha que todo mundo que está no futebol age com emoção, por amor. Acredita em jogador que beija o distintivo da camisa, que comemora gol em cima do emblema do clube.
Só show, "farol", como se dizia na várzea do Bom Retiro
E Robinho desmanchou a ilusão alvinegra. Jogou três vezes no time do Rei do Futebol? Ganhou títulos? Deu pedaladas? Ok, bonito, palmas pra ele. Mas tudo é passado. Negócios do passado. Agora o Galo paga mais, tem proposta de marketing melhor e uma empresa por trás. Então, boa noite para a paixão antiga.
Claro que tudo na vida tem o outro lado. O ídolo de ouro tem seus pés e chuteiras transformados em barro. De imortal vira traidor sem escrúpulos e deixa de freqüentar o muro sagrado onde os ídolos foram eternizados no CT do Santos. Saiu e voltou. A torcida alvinegra ficou ferida.
Talvez um dia a raiva passe, mas na ficha de Robinho estará que ele traiu quem o tratou como deus da bola. Sim, porque a torcida não tem meio-termo.
O futebol - não o dos negociantes, dirigentes, empresários, procuradores, apostadores e até alguns jogadores também - ainda é paixão. Se fosse só negócio, não teria resistido tanto tempo como o esporte do planeta, que interrompe guerras, junta povos inimigos, ilude pais e filhos que se deslocam pelas arquibancadas.
Se fosse só negócio, ninguém ia trazerRobinho de volta pelo que está jogando. A torcida do Santos não ia querê-lo pelo que não jogou na China na temporada passada.
De mais a mais, seria muito melhor ter segurado Geuvânio do que tentar ter Robinho de volta.
Ao mesmo tempo, nessa contradição toda, quem pode atirar a primeira pedra no jogador pela escolha que fez?
(Com colaboração de Roberto Salim.)