O duelo mais aguardado da 14.ª rodada do Brasileiro comprovou duas tendências. A primeira é o retorno do Corinthians ao estilo murrinha de jogar. Como fez muitas vezes sob o comando de Tite na época das conquistas da Libertadores e do Mundial, e também com Mano Menezes, não esbanja criatividade nem ousadia, porém compensa com marcação forte e nervos de aço.
A segunda constatação foi a disposição do Atlético de propor o jogo, de comportar-se com atrevimento mesmo na condição de visitante. Como gosta Levir Culpi, a equipe atacou, incomodou, teve posse de bola, criou chances, finalizou. Falhou no momento de tirar nota dez justamente por não ter voltado para casa pelo menos com o empate. Mas é corajoso.
A partida foi boa, poderia ter sido melhor, se o Corinthians se dispusesse a empurrar o Atlético para o próprio campo de defesa. Mas não o fez. Ao contrário, se contentou em ocupar espaços, abriu-se o minimamente necessário, deixou para Vagner Love se virar em jogadas mais agudas. E o centroavante, se não anda com confiança para arrematar, compensou com uma arrancada pela esquerda e cruzamento preciso para Malcom fazer o gol da vitória, aos 42 minutos do primeiro tempo. Água gelada sobre o Galo, que corria e corria e corria.
O segundo tempo teve panorama semelhante, com o Atlético a cavar a igualdade e o Corinthians e se beneficiar da sintonia na marcação. E, justiça se faça, também valeu o sangue-frio. Mesmo nas ocasiões em que o time mineiro apertava, os corintianos não perdiam o autocontrole. Sequer numa sequência de cobrança de falta em que Giovanni Augusto acertou a trave. Nos minutos finais, foi um tal de lá e cá, para manter o público com atenção máxima.
O Atlético continua no alto, o Corinthians mantém a ascensão e o Campeonato pega fogo. Não é o mais técnico do mundo, longe disso, mas consegue empolgar. Que bom, chega de baixo-astral.