Era um Luiz Pereira dos tempos modernos, sabia defender, sabia desarmar, sabia atacar e tinha intimidade com a bola.
Mas jogador de futebol também precisa de sorte. E esta tem faltado para Dedé.
O destino é rigoroso. Para quem calça chuteira e põe uniforme de time grande, as contusões e os sustos são uma ameaça constante.
Quem lembra de Carlos Alberto Borges? O moço apareceu no Parque Antártica jogando o fino da bola, muito tempo atrás. Um dia um raio caiu no Centro de Treinamento do Palmeiras durante um coletivo e nunca mais o meia repetiu as grandes jogadas.
Zé Sérgio era um ponta promissor, brilhou na Copa de Ouro no Uruguai, no início dos anos 80, e era nome certo na seleção de Telê Santana que iria à Espanha. O estilo veloz, cheio de dribles, começou a ficar escasso, até que um exame positivo de doping (depois revisto) reduziu o jogo vistoso e encantador a um camisa 11 normal.
A gangorra do gramado fabrica ídolos com a mesma velocidade com que os engole.
E, quando as contusões se tornam rotineiras, o jogador precisa de muita força de vontade para reagir.
O massagista Mário Américo, que participou de inúmeras Copas do Mundo, contava sempre que era uma espécie de psicólogo dos craques campeões. Passava horas a fio fazendo compressas, aplicando toalhas, recuperando Pelé & Cia Ltda. Com isso, virava confidente, psicólogo, amigo e esperança final de jovens que só queriam jogar futebol.
O zagueiro Dedé, agora no Cruzeiro, precisa de gente como o velho Mário Américo a seu lado. Depois de ser submetido a uma cirurgia no joelho direito em 2015, voltou a jogar neste ano. Infelizmente sofreu nova lesão. Na mesma perna. Deve ficar mais dois meses em recuperação.
Na vida como nos campos ninguém sabe o futuro.
E Dedé está aprendendo isso do jeito mais dolorido.
(Com Roberto Salim.)