Por isso, caiu no vazio o discurso de Joseph Blatter, após a reconfirmação de mais um período à frente da Fifa, o que ocorre desde 1998. O superchefe da bola tratou de mostrar seriedade e descontração ao afirmar que a Fifa sai fortalecida e que só ele é quem pode continuar o trabalho de transparência, de crescimento do futebol etc e tal. O blablablá de sempre, agora com ar de chacota.
A Fifa levou um torpedo com as investigações conduzidas pelo FBI. Assim como caiu uma bomba sobre a CBF. As declarações de Marco Polo Del Nero, na entrevista que concedeu no final da manhã desta sexta-feira, só convencem os incautos ou aqueles que têm algum interesse.
Del Nero foi evasivo em tudo. Negou qualquer irregularidade na entidade (fez questão de frisar que assumiu no meio de abril), disse que nunca percebeu atividade escusa do ex-parceiraço Marin, se colocou à disposição das autoridades brasileiras para esclarecer e colaborar, e foi enfático ao lembrar que nos anos de presidência da FPF tudo correu normalmente.
Enfim, falou o que se espera em casos semelhantes. Ingenuidade achar que admitiria o mais leve indício de coisa errada. A vontade de transmitir distanciamento de quem caiu em desgraça foi tanta que não prometeu ajuda jurídica a Marin ("vamos ver, mas a Conmebol já faz isso") e alegou que a retirada do nome do ex da CBF da fachada do prédio foi consenso.
Talvez Blattera não caia, assim como Del Nero. Mas a credibilidade de ambos ruiu, ao menos para o grande público. Se quiserem bem ao futebol, deveriam passar o bastão. Porém, aqui entre nós: será que eles se preocupam com isso?