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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Lágrimas de Levir são atitude de Homem

 

Por Antero Greco
Atualização:

Deixei baixar um pouco a poeira da saída de Levir Culpi do Atlético-MG para ver o que restava. E, desde a quinta-feira, uma imagem se manteve bem forte: as lágrimas do treinador na entrevista de despedida. Pode ser bobeira para alguns, mas para mim o choro continua a ser uma das manifestações mais humanas que há. E tocantes. Se for de homem maduro, então...

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Levir é rodada na profissão, girou o mundo no mundo na bola, ganhou e perdeu campeonatos, recebeu elogios e muitos xingamentos. Deve estar com ouvidos calejados de ouvir "Gênio!" e "Burro!", dependendo da ocasião. Provavelmente deve ter um belo pé de meia. Merece, pois ganhou dinheiro com o trabalho dele e não o tirou de ninguém.

Ainda assim, com tanta coisa que já viu, teve a capacidade de comover-se ao falar do tempo em que durou a quarta passagem pelo Galo. Ficou tocado ao lembrar das pessoas que o cercaram, dos colaboradores, da imprensa, da torcida. Não é tocante isso? Ou vai ver também estou ficando mais sensível por causa da idade?

Sei lá. Sei que Levir engrandeceu em meu conceito, se é que isso importa em alguma coisa. Como também cresceu pelo trabalho que fez no Atlético. Começou discreto, após retorno de enésima aventura fora do Brasil. Sem muito crédito nem alarde.

E com a responsabilidade de substituir Cuca, o artífice do título da Libertadores de 2013. (Nem levo em conta a brevíssima tentativa com Paulo Autuori, que mal esquentou banco.) Desafio e tanto.

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E deu certo. Levir manteve a pegada do antecessor e, mesmo com baixas no elenco, com as aparas que teve de cortar (Ronaldinho Gaúcho se tornou uma delas, infelizmente), conseguiu uma Copa do Brasil vencida na raça. Teve também o Estadual e uma campanha digna no Campeonato Brasileiro.

Impressiona como o desgaste vem rápido. De um momento para outro, a diretoria constatou que acabou o ciclo, que é preciso modernizar. Isso com menos de dois anos de Levir por lá. Os cartolas não têm coragem nem paciência de bancar projetos de longo prazo. Cedem aos primeiros sinais de pressão e recorrem à tradicional solução de trocar de treinador.

E Levir teve a dignidade de emocionar-se em público.

Bacana.

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