Um desastre para a seleção, não é mesmo? Em princípio, sim, pois a equipe se vê forçada a abrir mão do principal jogador e estrela única. Se nas duas apresentações iniciais, ficou escancarada a dependência do talento do rapaz, imagine-se a partir de agora. Um pepino para Dunga e companhia.
Mas terá sido tão ruim assim a decisão da Comissão de Disciplina da Conmebol? Talvez não, nem para o Brasil e muito menos para Neymar. Ao menos se levarmos em consideração algumas hipóteses. E são simples.
A primeira: com a ausência temporária de Neymar, surge a oportunidade para o treinador armar a equipe de outra forma, encontrar um plano B, testar a possibilidade de ter vida útil e produtiva sem a estrela. É essencial, uma vez que a seleção não tem craques em abundância. Uma chance de reforçar o coletivo e observar até que ponto se obtém sucesso assim.
Para Neymar, sair de cena agora não é desastroso. Ao contrário, o afastamento permitirá que fuja dos holofotes num momento profissional e pessoal delicado. A Justiça espanhola aperta o cerco, em torno dele, do pai e de dirigentes do Barça, por pontos obscuros na transferência do Santos, dois anos atrás. Muito se falou que o episódio mexe com a cabeça do craque, a ponto de transtorná-lo e o levar a ficar irritado além da conta no duelo com os colombianos.
Fora da seleção, sem necessidade de eventualmente encarar jornalistas ou até ouvir provocações de rivais, Neymar poderá dedicar-se melhor à própria defesa. Dá uma pausa no futebol e, livre de responsabilidades no campo, passa a ocupar-se só dessa questão. Que, se for levada a ferro e fogo pela justiça, lhe trará boas dores de cabeça. Ou no bolso.