Chamou a atenção a reação de torcedores do Flamengo em relação a Léo Moura. O pessoal ficou indignado porque o capitão que bateu asas para os EUA há pouco tempo estava pronto para voltar para casa e virar casaca, para jogar justamente no maior rival. Por tal traição, mereceu apedrejamento moral. No final da tarde,anunciou que desfez acordo e deixou o presidente do Vasco em saia-justa.
Entendi a parte do torcedor, ao menos daquele que não tem interesse algum a não ser o amor pelo clube. Frustra ver um atleta considerado ídolo entrar em campo com outra camisa. Propus, porém, um choque de realidade na tentativa de entender o caso.
Jogador é profissional, e como tal vai onde lhe oferecerem mais. Assim como qualquer um de nós, em nossas respectivas atividades. Todos buscamos desafios: às vezes, nos iludimos com uma oferta e damos passo errado. Faz parte, mas não tem nada de mercenarismo, desde que as negociações sejam transparentes e ninguém se prejudique.
Outro aspecto importante que deveriaser levado em conta, e muita gente o fez. Léo Moura honrou o Flamengo na década em que o defendeu, certo? Não há dúvida a esse respeito. Portanto, teve comportamento digno com o clube, com o patrão, com a torcida enquanto esteve lá.
Ao ir embora, se considerou concluído um ciclo. Saiu sem provocar mágoa, sem briga, de forma serena. Não deu certo nos EUA, apareceu a chance do Vasco e ele em princípio aceitou. Talvez tenha se assustado com a reação. De qualquer forma, tanto uma quanto outra foram decisões pessoais, com as quais deve arcar.
Doeria para o rubro-negro, claro, vê-lo no Vasco. No entanto, por justiça a um profissional correto, era preciso não esquecer sempre a lisura que mostrou no Flamengo. Essa história ninguém apaga. Qual capítulo virá agora? A esperar.
Para o Vasco fica o baque de não ter um auxílio no processo de recuperação a que se propõe.