Tremor que destruiu 280 escolas da província de Manabi. Sobreviventes, os garotos simbolizam a luta de um povo que se orgulha de sua seleção. O esporte tem esse dom, esse poder. Por isso é usado para o bem e para o mal em todo lugar.
Os meninos acabaram não vendo uma vitória da seleção equatoriana. Mas devem ter se divertido com a apresentação de outro quase menino: o número 9 de camisa azul, o Gabriel Jesus, 19 anos. Ele foi a estrela da vitória do Brasil por 3 a 0, na estréia promissora de Tite, no comando da seleção.
E, como meninos têm o espírito puro, os garotos equatorianos devem ter se encantado com a exibição dos brasileiros. A qualidade maior do time de Tite foi ter combatido a velocidade do Equador com sabedoria, tentando manter a posse de bola e não correr na altitude de Quito - o que seria um suicídio futebolístico. Assim, o Brasil passou bem pelo primeiro tempo e segurou o 0 a 0.
"Eu me adapto bem a essas dificuldades", confessou Gabriel Jesus. "Abafei um pouco no primeiro tempo, mas depois ficou tudo normal", explicou ele ao fim do jogo, justificando quatro jogadas de um craque de futuro garantido: na primeira insistiu na jogada, quando todos pensavam que a bola sairia pela linha lateral.
Na segunda, teimou com a zaga, ganhou a disputa e foi derrubado pelo goleiro Dominguez, sofrendo o pênalti convertido por Neymar: 1 a 0.
Na terceira, quando o Equador já estava com apenas 10 jogadores em campo, pela expulsão de Paredes, ele recebeu cruzamento de Marcelo e tocou de calcanhar para marcar o segundo gol.
Na quarta, recolheu passe de Neymar, só fingiu que iria passar para um companheiro que entrava livre pela direita e finalizou para marcar um golaço: 3 a 0. Uma estreia para ficar marcada para sempre na vida desse menino brasileiro.
Para os 16 niños manabitas ficou a certeza de ter assistido ao surgimento de um astro mundial.