Mas, no fundo, não surpreendeu tanto assim o resultado da tarde desta quinta-feira no Mané Garrincha. A rigor, a seleção está sendo moldada agora por Rogério Micale. Mais da metade do time que entrou em campo não estava no amistoso de março, em que o Brasil bateu a mesma África do Sul por 3 a 1.
Ou seja, numa visão otimista, há muito o que crescer, e também para causar calafrios. Não descarto a briga por pódio - e, vá lá, pelo tal de inédito ouro olímpico. Não vejo a seleção fora da primeira fase, como já li um ou outro mais desesperado escrever. Claro que não dá para prever o futuro - e se ocorrer desclassificação agora, ou até nas quartas de final, é o fim do fim do fim da picada. Mais vergonha do que os 7 a 1.
No entanto, é preciso melhorar. Talento há; conjunto, não. Isso ficou claro em Brasília. Houve esboço de trocas de passes entre Neymar, Gabrigol e Gabriel Jesus. E não passou disso. Na maior parte do tempo, cada um deles tratou de decidir sozinho, o que serviria diante da falta de entrosamento. Mas também nisso falharam.
Neymar prendeu a bola, errou passes e deslocamentos. Teve o mérito, porém, de duas excelentes finalizações, que pararam nas mãos do ótimo goleiro sul-africano. Gabigol esteve um tanto apagado e Gabriel Jesus perdeu no final um gol que foi um escândalo. Renato Augusto esteve aquém do que mostrava no Corinthians. Já Thiago Maia e Felipe Anderson estiveram ok.
A defesa não comprometeu, embora tenha mostrado que, se topar com um adversário que forçar bem, entrega o ouro - ops!, a rapadura. Em várias lances, ficou exposta, por demora na recomposição da marcação do meio e do ataque.
Como diria aquele famoso locutor, "Bem, amigos" o futebol do Brasil hoje em dia é isso. Não bota medo nem em sul-africanos com um a menos. Os Bafana Bafana tiveram jogador expulso antes dos 15 do segundo tempo e não sentiram tanto. "Que fase", acrescentaria outro talentosíssimo narrador.