Feita a ressalva, lamento o silêncio de técnicos a respeito da suspensão aplicada pelo tribunal esportivo do Rio de Janeiro a Vanderlei Luxemburgo. O treinador do Flamengo foi afastado das funções por ter criticado a federação carioca de futebol e o regulamento que restringe a inscrição de jogadores jovens no campeonato Estadual.
A alegação para a punição? Usou o termo "porrada", considerado uma incitação à violência. Uma interpretação equivocada, torta, para não dizer maldosa. A palavra, mesmo não sendo delicada, foi claramente empregada no sentido de "crítica", "repreensão", "repúdio". Não como "soco".
Luxemburgo há dias trata de defender-se e alega cerceamento de liberdade de expressão. E é isso mesmo que ocorre. Os donos da bola, por meio do tribunal, passam o recado para subalternos, empregados menores - entenda-se técnicos e jogadores -, de que devem engolir as determinações sem nenhuma contestação. Mesmo que eles sejam os prejudicados.
Daí se vê Luxemburgo a pregar no deserto, sem que um colega sequer se manifeste, diga o que pensa, também encampe a ideia de romper censura e abusos. Preferem recolher-se, ficar na miúda, como se a história não fosse com eles. Até o momento em que forem atingidos.
O ser humano é essencialmente egoísta, o que muitas vezes o transforma num covarde.