Faz dez anos que seu Telê Santana foi embora.
Mas quem conviveu com ele conversa com o Mestre todo dia. Topa com situações passadas a seu lado. Dá risadas ao lembrar de suas piadas. Fica admirado com seus exemplos.
Telê mandava jogadores humildes devolverem os carrões comprados com o dinheiro dos prêmios. Obrigava essa turma a comprar primeiro uma casa para suas famílias invariavelmente pobres.
Telê era exemplo de dedicação, levantava cedinho no Centro de Treinamento do São Paulo e ia catar praguinha no meio do gramado, onde seus meninos iriam treinar dali a pouco.
Telê não fugiu da concentração após a derrota para a Itália, no Sarriá, em 1982. No dia seguinte estava lá esperando firme e forte a chegada dos poucos jornalistas que se arriscaram a tentar entrevistas com os derrotados de Barcelona.
E, como foram poucos os repórteres, acabamos comendo uma bela feijoada com todo o time, que tinha homens como Sócrates e Zico - que também não fugiram às explicações, nem abandonaram a delegação.
Telê Santana sabia ganhar. E sabia perder.
Era leal, mas não protegia ninguém. Não dava notícias exclusivas a repórteres de meios de comunicação influentes. Todos os trabalhadores tinham o mesmo direito às informações.
Telê rompeu barreiras, ensinou futebol e ensinou a vida a muita gente.
Telê Santana, num domingo, logo após abandonar o futebol, foi ver o neto jogar numa equipe mineira. Chegando ao estádio, viu o menino dividir uma bola e cair ao chão. "Fraturou a perna", disse contrariado e foi caminhando para dentro do campo.
Sem se alterar chegou perto do menino, pôs a mão no ombro dele e disse: "Isso não é nada, logo você volta a jogar".
Dez anos se foram e Telê continua vivo. Na memória dos que o queriam bem. Nos exemplos que deixou.