EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

Voo curto de Eduardo

Dirigir time importante, de grande centro, é sonho de qualquer treinador. Não há o que criticar. Eduardo Baptista passou por tentação semelhante, ao aceitar convite do Fluminense, no ano passado, por causa do excelente trabalho no Sport. A experiência terminou nesta quinta-feira, com a demissão tumultuada, que provocou queda também de dirigentes.

PUBLICIDADE

Por Antero Greco
Atualização:

A passagem de Eduardo não foi vencedora. Nos meses em que passou nas Laranjeiras, a equipe acumulou muitos tropeços (derrotas e empates) e ficou em segundo plano. Pior: não teve padrão, não se acertou e virou um grande ponto de interrogação. Difícil sustentar a permanência de um técnico ainda sem lastro, sem costas largas o suficiente para aguentar o tranco que vem na forma de cobranças da torcida e da crítica.

PUBLICIDADE

Interrogação, também, se forma em torno do próprio Eduardo, 45 anos e que durante muito tempo viveu à sombra do pai famoso (Nelsinho Baptista). Fenômeno, aliás, bem comum: o futebol brasileiro tem diversos casos de filhos que fazem parte constante das comissões técnicas comandadas pelo pai. Uma forma de se encaixarem no mercado de trabalho.

Eduardo, talvez, deva refazer a caminhada dele e reiniciar com voos mais curtos. Repetirá, na prática, a trajetória de outros treinadores que tentaram a sorte grande, viveram um período de sonho, caíram e custaram a se reencontrar. Diversos até hoje gravitam em blocos intermediários ou periféricos do futebol nacional.

A lista é grande, mas se podem puxar pela memória alguns exemplos. O próprio Flu tem casos marcantes, como os de Edinho (hoje comentarista), Sérgio Cosme, Duílio (agora no Rio Branco/ES), Vincius Eutrópio, Enderson Moreira, Ricardo Drubsky.

Lembra do Marcelo Martelotte e do Claudinei Oliveira, no Santos? Um está no Santa Cruz, o outro no Paraná. O Doriva foi campeão paulista com o Ituano, em 2014, arriscou-se no Vasco e quebrou a cara. Foi para a Ponte, reagiu e tentou o São Paulo. Se deu mal de novo. Busca a reconstrução no Bahia. Tem o caso de Marcelo Fernandes, que buscou firmar-se, arranhou-se e voltou para a base. Como Sérgio Baresi, no São Paulo. 

Publicidade

Tem mais gente: Márcio Bittencourt pegou o Corinthians, em 2005, na primeira experiência como técnico. Não emplacou e rodou, rodou, rodou. Gaúcho, aquele do Vasco de 2012/13, hoje toca a Portuguesa carioca. Rogério Lurenço sonhou com o Flamengo, em 2010; agora, está na Tombense. Roberto Rojas dirigiu o São Paulo, uma década atrás. Depois, tentou Ituiutaba, Comercial e sumiu do mapa.

A fama é o desejo de todos. Mas ela é danada, se faz de difícil, engana demais e se entrega para poucos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.