O saldo, que já era ruim após a Liga Mundial, ficou pior ainda após os resultados do último fim de semana quando foram disputados 8 campeonatos, 4 na praia e 4 na quadra, e apenas uma medalha de ouro conquistada. Algo raríssimo no passado recente.
O resultado mais surpreendente talvez tenha sido a inesperada medalha de prata ganha com o vôlei masculino no Pan-Americano. Levando-se em consideração a prioridade com a Liga Mundial e o descaso com o evento, fora os desmandos extra quadra com as sucessivas trocas de técnico, a seleção B acabou não fazendo feio. Conseguiu no entanto a proeza de perder para a Argentina, mesmo com time A, resultado cada vez mais comum na base.
Prata.
O time feminino foi até a final e merecia sorte melhor. A estratégia foi diferente. A comissão técnica aparentemente deu o mesmo valor para o Pan e o Grand Prix. Nos Estados Unidos, o BRASIL não resistiu ao time titular de Karch Kiraly. A boa campanha na primeira fase não apaga a má impressão deixada por algumas jogadoras nas finais. A derrota para a Rússia trouxe amargas e perigosas lembranças. O saldo no entando não foi tão ruim assim.
Bronze.
O BRASIL, de Toronto, pode ser mais cobrado, afinal lá estavam Fernanda Garay e Jaqueline, que por sinal novamente deixou o time nas mãos. José Roberto Guimarães agiu corretamente ao testar Macris e Ana Tiemi. O time sofreu com desentrosamento, foi caminhando aos trancos e barrancos, não convenceu, quase perdeu para Porto Rico e deixou no ar uma enorme sensação de frustração na decissão.
Prata.
Ainda em Toronto, o vôlei de praia masculino perdeu a final para o México. Isso mesmo, México.
O feminino alcançou o bronze.
Detalhe é que a Argentina não figura nem entre as 20 primeiras do ranking mundoal. O México nunca havia ganho nenhuma competição internacional.
No Grand Slam, ainda na praia, disputado no Japão, chegou a única medalha de ouro com a dupla Bruno/Alison.
O feminino ficou com a prata.
A conclusão é que o vôlei brasileiro desce perigosamente mais um degrau. Os resultados permitem e nos obrigam a fazer alguns questionamentos:
Será que o presidente da CBV discute planejamento e a estratégia com os responsáveis?
Será que Ricardo Trade, o competente Baca, de grande vivência no vôlei tem mesmo autonomia ?
Será que Renan, estudioso da modalidade e intocável como atleta, finalmente dará certo? Sim, porque o ex-jogador já foi consultor da Superliga, passou pelo marketing e agora responde diretamente pelas seleções.
E não é qualquer cargo. A CBV deixou de fora Paulo Marcio, funcionário antigo e mais de duas décadas de casa.
Quem assume e paga essa conta?
A CBV parece apenas um escritório administrativo que presta serviços burocráticos e principalmente financeiros para as comissões técnicas. Não existe liderança. Não existe cobrança.
A Liga Mundial e os resultados obtidos no último fim de semana servem de aviso.
É bem possível que alguns jogadores e treinadores se sintam incomodados, ofendidos e defendam a tese de que as medalhas foram conquistadas.
No íntimo porém a maioria, especialmente aqueles que não se deixam tomar pela vaidade, sabe que a história não é bem assim e que andamos para trás.
O fim de semana provou que esporte de alto rendimento, sem gestão, não se sustenta.
A CBV, Confederação Brasileira de Vôlei, perde crédito e assume saldo devedor.