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O vôlei com conhecimento e independência

Valquíria, diferenciada, cobra reação em Bauru: 'Nós jogadoras temos que achar as soluções. E juntas'.

Alguém em Bauru tinha que dar a cara para bater. O time conta com jogadoras experientes, estrangeiras e campeã olímpica no elenco.

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Por Bruno Voloch
Atualização:

Quem falou porém foi uma das mais novas da equipe. A gaúcha Valquíria Dullius, 22 anos, procurada pelo blog, mostrou coragem, personalidade e explicou o atual estágio de Bauru.

 Foto: Estadão

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A campanha pouco convincente até então é motivo de cobrança entre os torcedores. A fusão com o Sesi é futuro. O presente traz Bauru em nono lugar e com o returno inteiro pela frente para se classificar.

Valquíria admite a má fase, comenta a saída de Marcos Kwiek, o trabalho de Fernando Bonatto, ignora a discussão com Paula Pequeno e foca no trabalho.

Competitiva ao extremo, a central mostrou nessa conversa porque é uma atleta diferenciada na maneira de pensar, agir e jogar.

Por que Bauru está fazendo uma campanha tão abaixo do espero?

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Eu realmente ainda vivi pouquíssimas coisas dentro do voleibol, mas tenho plena certeza que seja agora ou tempos passados toda equipe passa por momentos difíceis, por mais clichê que possa parecer essa resposta. E hoje é o momento difícil do Vôlei Bauru, mas nada que não seja revertido. Tudo é trabalho, dedicação, calma e tantos outros adjetivos que existam. Tenho muita confiança em minha equipe e comissão técnica, na verdade em todos envolvidos nesse projeto. Isso é o esporte, isso é se superar todos os dias, então seguimos firmes no trabalho porque só assim iremos resolver nossos problemas. E como sempre falamos entre nós aqui: juntos.

A saída do Marcos Kwiek teve ligação com essa queda?

Toda mudança gera um desconforto, mas tenho plena convicção que já passamos por essa fase. Infelizmente aconteceu, mas não isso não é nosso problema, tão pouco nossa "queda de rendimento".

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   Foto: Estadão

Qual a diferença dele para o Fernando Bonatto?

Todos nós somos diferentes, qual seria a graça do mundo se a gente fosse igual? Falando dos dois, o Fernando está fazendo um trabalho incrível com nossa equipe, só nós sabemos o quanto ralamos e o quanto ele está do nosso lado. E com o Marcos não foi diferente, outro grande técnico que só deixou ensinamentos e história para cidade de Bauru. Sou muito grata por ter a oportunidade de trabalhar com dois profissionais tão competentes e que só fizeram eu dar passos mais firmes em minha jornada que está só começando.

E a Valquíria? Como tem encarado esse momento do time?

Estamos treinando muito pesado, com qualidade e muita dedicação. Acho que não chegamos no nosso máximo. Há coisas que não se explicam, só temos que tentar sempre achar soluções e esse momento vai chegar, não tenho dúvidas disso.

É verdade que você e a Paula discutiram após a derrota para São Caetano?

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Nada grave, perdemos um jogo importante e estávamos de cabeça quente. Não vejo nada de anormal nisso, coisa que acontece em qualquer equipe, acontece na quadra e fica na quadra. Eu e Paula temos um ótimo relacionamento, não se preocupem. Tudo em paz.

Você é considerada umas das promessas do vôlei brasileiro na posição? Esperava tamanho crescimento?

Eu busco sempre dar 100% em tudo que faço. Acredito no trabalho proposto, me entrego, eu gosto disso, de desafios e de aprender. Visto a camisa literalmente do lugar que estou, essa é a Valquíria e sempre será assim. Bauru me deu essa oportunidade e eu irei lutar sempre por ela até o final. Junto com minha família que sempre está ao meu lado seja qual for o momento ou circunstância, meus amigos que torcem por mim e minha empresária Ana Flávia. Não posso esquecer dos meus filhos de quatro patas que sempre me fazem feliz quando chego em casa. E óbvio minha equipe, porque não existe treinar sozinho, jogar sozinho e ganhar sozinho. O eu só existe se tiver o nós junto.

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 Foto: Estadão

Por que algumas jogadoras de potencial preferem ser banco do que jogar. Você foi um exemplo claro ao sair do Minas

Não sei das escolhas das outras jogadoras. Mas junto com minha empresária e familiares, achei que era o momento certo de sair para jogar e crescer. Isso faz parte do meu amadurecimento que está longe do ideal, mas que está no caminho. Acredito eu.

Seu comportamento em quadra chama atenção. Como ocorre essa verdadeira transformação?

Não digo que sou diferente fora das quadras do que sou na vida pessoal. Gosto de somar a energia maravilhosa que o jogo me trás ao que eu tenho guardado do meu coração. Intensidade talvez seria a palavra certa para usar. Gosto da competição, da briga (saudável é óbvio), desde quando comecei eu sou assim, lógico hoje com mais calma e maturidade, porque é o que sempre trabalho em mim, o controle de tanta energia e todos que me conhecem sabem disso e não tenho porque esconder. Mas vibração, garra, desafio, "ir pra dentro" quando o juiz apita é o que me move a amar tanto esse esporte que hoje chamo de trabalho. Trago também junto de tudo isso os valores que meus pais sempre me ensinaram, das pessoas queridas que passaram na minha vida, lá no começo de tudo isso quando eu ainda era jogadora da Sogipa de Porto Alegre, depois do Bradesco em SP, até a grande entrada ao mundo do adulto. Valores isso é primordial na minha vida, ser quem eu sou sem medo, sem me preocupar com que os outros vão falar, porque de verdade é muito mais fácil, ainda mais no nosso mundo, alguém de apontar os dedos do que te dar a mão. Estou longe de um ideal. Tenho muito o que amadurecer como atleta, tanto quanto mulher, mas com muito respeito, intensidade e trabalho um dia eu chego lá.

Você não aceita perder passivamente. Como você consegue conviver com jogadoras que não são assim?

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Falando de mim, tenho uma vontade incansável de vencer e de lutar, isso é mais forte do que eu, jamais desisto. Posso tomar um bloqueio no pé, mas pode saber que o braço dela vai doer. Detesto com todas as forças perder e isso faz parte de quem vive isso intensamente todos os dias. Essa sou eu.

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