Falta palavra e educação aos presidentes de clubes

O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, em entrevista ao Estado na semana passada, garantiu a permanência do técnico Cristóvão Borges até - pelo menos - o fim do ano. Bem, qual não foi a minha surpresa ao saber da demissão do treinador após o dérbi? O mandatário alvinegro não sustentou a palavra empenhada ao repórter Ciro Campos. Não aguentou a pressão. Ao ser confrontado pelos torcedores, tomou duas atitudes absolutamente reprováveis: mostrou o dedo médio pra galera que o cobrava no estádio e tratou de jogar a própria palavra na lata do lixo.

PUBLICIDADE

Por Cesar Sacheto
Atualização:

A atitude do presidente corintiano, além de criar instabilidade para a equipe nessa reta final de Brasileirão, compromete o planejamento do clube para a próxima temporada. A diretoria precisa definir primeiramente qual filosofia irá adotar no futebol para pensar em nomes. Se não seguir essa linha, padecerá dos mesmos males que levaram outros grandes ao fundo do poço com contratações equivocadas, esbanjamento de dinheiro e queda de arrecadação. Pensem comigo: qual empresa gostaria de atrelar a sua marca a um clube cujo presidente não honra acordos? Sim, porque palavra gera compromisso. Ou não? Sem contar o esvaziamento dos estádios.

PUBLICIDADE

Alguns dirigentes de clubes importantes do futebol brasileiro se comportam como donos de empresas familiares e de pequeno porte. Tratam assuntos que mexem com a vida de milhões e geram fortunas como se estivessem resolvendo uma pendenga com vizinhos ou colegas de trabalho. Basta nos lembrarmos daquela cena grotesca protagonizada pelo presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, ao tentar expulsar um flamenguista do Allianz Parque na última quarta-feira. O sr. Nobre se esqueceu que o camarote é uma propriedade particular. Mais do que isso. O cartola passou por cima do fato que a arena nem é do clube ainda, mas sim da empreiteira que a construiu.

Pelas atitudes dos nossos dirigentes, o futebol brasileiro ainda deve demorar pra se recuperar. Infelizmente, não vejo melhora em curto prazo. Por outro lado, população brasileira tem se mostrado cada vez mais intolerante a fanfarronices e/ou falcatruas de gestores. E disposta a cobrar! Que essa atitude estimule também os torcedores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.