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Provas de rua de A a Z

Ataque cardíaco é multifatorial

A morte de Bebeto de Freitas na última terça-feira deixou todo mundo estarrecido. Bebeto foi ícone da geração de "prata" do vôlei brasileiro e ultimamente estava no futebol, tinha feito uma vistoria no Galo, onde era dirigente. Confira abaixo entrevista com cardiologista Guilherme Sangirardi, especialista hemodinâmica e cardiologia invasiva pelo Incor, sobre esporte e problemas cardíacos. #BlogCorridaParaTodos #cardiopatias

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Por Silvia Herrera
Atualização:
 Foto: Estadão

Aos 68 anos, Bebeto, ex-presidente do Botafogo, sofreu um infarto e acabou não resistindo depois de parada cardíaca dentro da concentração atleticana. Ele havia participado normalmente do lançamento do time de futebol americano do Atlético-MG, o Galo FA, em evento que ocorreu no fim da manhã da terça. Até quem pratica esportes não está livre de uma morte súbita por infarto? Por que?

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Guilherme Sangirardi - Sem dúvida a prática de atividades esportivas é benéfica ao sistema cardiovascular, porém isso não significa que indivíduos habituados ao esporte estejam 100% seguros de eventos como esse. A doença coronária (infarto do miocárdio) é multifatorial, portanto é necessário o controle de fatores de risco já há muito tempo estabelecidos. Hipertensão arterial, Dislipidemia ( alteração dos níveis de colesterol no sangue), Diabetes, Tabagismo, Obesidade e sedentarismo são fatores de risco diretamente ligados à essa patologia. O controle de tudo isso é essencial na prevenção. O infarto agudo do miocárdio seguido de morte súbita é uma das possíveis apresentações clínicas da doença coronária. A morte súbita é desencadeada por arritmias potencialmente letais que se não tratadas de imediato levam ao desfecho fatal.

Quais seriam os sintomas, se é que existem?

Guilherme Sangirardi - Algumas vezes, não há sintomas que despertem a suspeita por parte do paciente de que algo de errado esteja ocorrendo com seu coração, e a morte súbita pode ser a primeira manifestação da doença coronária; a dor torácica anginosa que classicamente descrevemos como uma dor opressiva e que é desencadeada aos esforços físicos e, aliviada com o repouso, é uma outra forma de apresentação. O infarto agudo do miocárdio é caracterizado clinicamente pela presença de dor torácica prolongada (maior que 20 min) que pode irradiar-se para o membro superior esquerdo, mandíbula e região dorsal; pode vir acompanhada de sudorese, náuseas, vômitos e falta de ar. No entanto, outras formas de apresentações também são possíveis.

Quem pratica corrida de rua, como forma de atividade física de 3 a 4 vezes por semana,  o que deve prestar atenção durante os treinos e as provas, para evitar problemas cardíacos?

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Guilherme Sangirardi - Importante ficar alerta aos sintomas clínicos que a doença coronária pode causas; dor torácica , falta de ar ( dispneia) , palpitações , tontura e sensação de desmaio são sinais de alerta que devemos ter  sempre em mente. Uma avaliação cardiológica antes de iniciar atividades esportivas é recomendável.

Em toda maratona e meia maratona há postos médicos e ambulâncias, quando o corredor deve procurar ajuda? A rapidez do atendimento pode ser a diferença entre a vida e a morte?

Guilherme Sangirardi - Sempre que apresentar um sintoma clínico, o corredor deve procurar atendimento médico de imediato.A morte súbita é desencadeada pelo aparecimento de arritmia cardíaca potencialmente fatal, se não tratada de imediato com uso de desfibriladores o desfecho será desfavorável. A rapidez do atendimento nesses casos com certeza é a diferença entre a vida e a morte. Há uma expressão muito utilizada na Cardiologia e doença coronária que é " tempo é músculo", isso demonstra que um diagnóstico preciso e rápido e o tratamento adequado e eficaz reduz significantemente o dano ao miocárdio ( músculo cardíaco) e consequentemente suas complicações.

 

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