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Análise e notícias de MMA

Fedor Emelianenko e a coroa de ilusões do 'Último Imperador'

Lutador russo enfrenta Fábio Maldonado nesta sexta, mas negociações com UFC enchem os fãs de esperança

Por Fernando Arbex
Atualização:

Sondado para finalmente assinar com o UFC, Fedor Emelianenko luta nesta sexta-feira, 17, no EFN 50, evento que tem como único atrativo a presença do russo. Antes o indiscutível maior lutador de MMA da história, Fedor colecionou fracassos nesta década e não respeitou o próprio legado ao escolher fazer apenas lutas sem expressão para ganhar dinheiro e engordar o cartel. Aos 39 anos, ele encara Fábio Maldonado em novo combate irrelevante, mas a esperança é de que o "Último Imperador" volte a competir no maior palco do MMA.

Crédito: Esther Lin/Strikeforce Foto: Estadão

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Auge. Palco este que até 2006 atendia pelo nome de Pride e era sediado no Japão. Ausência de antidoping, arbitragens tendenciosas, lutas armadas, dinheiro da Yakuza, confrontos com 40 Kg de diferença de peso entre os envolvidos, enfim, a organização preteria a competitividade em favor do entretenimento, mas é inegável que ali estava o maior MMA do mundo.

Foi lá que o calmo homem apelidado de "Padeiro", de aspecto rechonchudo e simpático, fez seu nome. Após campanha de destaque no também japonês Rings - evento que proibia o Ground and Pound, uma das maiores armas do russo -, o desconhecido Fedor rapidamente ascendeu até conquistar o título peso pesado, que em 2003 era de Rodrigo "Minotauro". À época, era inimaginável que o brasileiro fosse para o chão com algum oponente e não conseguisse a finalização, mas o russo derrubou o rival repetidas vezes e mergulhou dentro da temida guarda sem se importar com as tentativas de triângulos e chaves de braço.

Versado em judô e sambo - arte marcial desenvolvida em seu país -, Fedor tinha conhecimento suficiente no solo para não ser finalizado, além de ter em seu leque um jogo de submissões e quedas vindas do clinch. Também tinha um nível de boxe muito interessante, baseado em fintas com as mãos e ganchos de longo alcance, e chutes muito potentes. O russo apareceu no início dos anos 2000, mas estava dez anos à frente dos adversários.

Queda. Fedor derrotou "Minotauro" de novo, e da mesma forma que havia feito da primeira vez, venceu Mirko "Cro Cop" mesmo aceitando a luta em pé em boa parte do confronto, mas o Pride foi passando e o russo não mostrou apetite. O UFC comprou a organização japonesa em 2007, mas o empresário do "Último Imperador", Vadim, exigiu que eventos do Ultimate com a presença de Fedor fossem negociados no formato de co-produção - na prática, 50% do lucro para cada lado.

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Não é segredo que Dana White não aceitou os termos, ao contrário do Strikeforce. Porém, a passagem de Fedor pelo evento foi aquém do que se esperava. O russo pareceu menos dedicado aos treinamentos e nenhuma evolução. Pelo contrário, ele piorou em muitos aspectos e ficou claro que entrava para lutar sem estratégia, confiante que ia definir a qualquer momento. Tronou-se um lutador que apenas jogava o overhand de direita e mais nada. Sair ileso da guarda de "Minotauro" foi um feito, mas não era recomendado fazer o mesmo com Fabrício Werdum.

Finalizado pelo gaúcho, Fedor entrou em um torneio de pesos pesados da organização, mas foi eliminado logo nas quartas de final, a primeira fase. Fez primeiro round ruim contra Antônio "Pezão", aí foi derrubado no segundo e tomou uma aula de passagem de guarda e controle no chão. No ato final, contra o meio-pesado Dan Henderson, foi afobado ao tentar o nocaute depois de aplicar knockdown, acabou sofrendo uma inversão até simples e dormiu com um soco no queixo.

Fé ou ilusão? Fedor ainda é o maior da história? Difícil dizer, os feitos dele são parelhos aos de Anderson Silva e Georges Saint-Pierre, embora Jon Jones tenha potencial para atropelar todos nessa disputa. Verdade é que a aura em torno do russo acabou e a atual geração de fãs do esporte mal o viu em ação. Depois de vencer nesta sexta, que Fedor assine com o UFC e mostre ambição, empenho em recuperar o status de antes. Do contrário, melhor que se aposente.

Ver a decadência de Wanderlei Silva, "Minotauro", Maurício "Shogun" e Mirko "Cro Cop" doeu muito em seus fãs. Talvez o "Último Imperador" apenas tenha nos poupado de anos desse sofrimento, mas não custa se iludir e imaginar que Fedor entrará no Ultimate para retomar sua coroa.

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