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Análise e notícias de MMA

Muhammad Ali fez luta de MMA (ou quase isso) há 30 anos

Pugilista norte-americano foi ao Japão enfrentar o wrestler Antonio Inoki e uma série de regras especiais foram impostas

Por Fernando Arbex
Atualização:

O MMA como conhecemos existe desde 1993, quando a família Gracie quis provar a superioridade do jiu-jitsu frente às demais artes marciais e para isso criou o UFC. Essa história tudo mundo já conhece, mas não quer dizer que antes disso não aconteciam lutas de “vale-tudo”. Uma delas foi o combate entre Muhammad Ali e Antonio Inoki, em 26 de junho de 1976.

 Foto: Estadão

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Acaso. A verdade é que foi tudo um acidente. Inoki era um astro de pro-wrestling no Japão (ou telecacth, como queira) e fez o convite para que Ali o enfrentasse na Terra do Sol Nascente. O pugilista aceitou, mas foi só ao chegar lá que descobriu que não haveria armação, a luta seria de verdade. Se hoje um boxeador puro teria dificuldade em um confronto com um wrestler, imagina nos anos 1970. Foi aí que a equipe do campeão mundial de boxe entrou em cena.

Uma série de regras especiais foram impostas, de modo que Inoki não poderia derrubar seu oponente nem puxar para guarda. Outra limitação ao japonês é que ele não teria permissão para chutar se estivesse em pé. A contrapartida era que Ali não pudesse usar seu famoso jab. O vídeo deixa claro que o resultado foi meio ridículo, mas é engraçado de se assistir 30 anos depois.

Ali podia socar o oponente no chão ou aceitar a luta no solo e ficar sobre Inoki, o que era óbvio que ele não faria porque não tinha nenhum conhecimento na área. Por sua vez, o japonês se jogava de costas e chutava a perna esquerda do pugilista, que saiu muito prejudicada no final. O resultado foi diplomático: empate.

Fatos e versões. Há muitas lendas e boatos sobre esse combate, imagina-se que essa seja a versão mais próxima da realidade. Há a trágica teoria que Ali passou perto de amputar a perna depois de sofrer tantos chutes de Inoki e que nunca mais sua maravilhosa movimentação no ringue foi a mesma. Verdade é que meses depois o pugilista venceu o segundo confronto que fez com Ken Norton e, na sequência, foram mais seis disputas e cinco anos competindo, com três vitórias e três derrotas.

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É bom lembrar também que Ali já tinha seus 34 anos quando foi ao Japão enfrentar Inoki e seu estilo bailarino já estava modificado há alguns anos. O norte-americano desenvolveu um sistema de luta que dependia muito de seu clinch e de encostar as costas nas cordas, o que deu certo de forma magnífica contra George Foreman em 1974.

A preparação física naquele período era pior do que a de hoje em dia e o tanto de golpes sofridos ao longo da carreira foi determinante para que Ali entrasse em declínio. Quando perdeu para Larry Holmes, em 1980, havia indícios de que os sintomas do Mal de Parkinson já se manifestavam.

Legado. De fato Ali vs. Inoki não foi um combate de MMA como hoje em dia existe nem a primeira que ocorreu entre lutadores de estilos diferentes, mas, queria ou não, aconteceu um embate de estilos com regras que permitiam o uso de diferentes modalidades. Ali morreu no último sábado e fica mais esse registro em seu extenso currículo. Tivesse hoje as qualidades que teve, as devidas adaptações e o treino correto na luta agarrada, o pugilista poderia brilhar no MMA. De luta ele entendia.

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