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Danilo, a nova joia de Madrid

Jogador brasileiro é a estrela da vez de um roteiro que expõe como está estruturado o futebol no País: o de descobrir, burilar e exportar boleiros para que depois sejam vendidos a peso de ouro na Europa.

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Por Maurício Capela
Atualização:

Talvez nem a poderosa indústria cinematográfica dos Estados Unidos, Hollywood, fosse capaz de produzir o mesmo roteiro consecutivamente por quase três décadas e se manter nas paradas de sucesso. Mas se Hollywood não consegue, o futebol brasileiro consegue e ensina.

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A trama é mais ou menos a seguinte: um personagem, um agente e três clubes de futebol. Nesse roteiro, o clube brasileiro fica responsável por realizar mês após mês várias peneiras de jovens candidatos ao posto de jogador de bola. E em meio a tantas, se extrai o que há de melhor: um promissor garoto.

Ato contínuo, o garoto mostra talento e aí é hora de o agente entrar em cena para cuidar dos interesses da carreira do candidato a jogador de futebol. Se vingar, clube brasileiro e agente logo terão que sentar à mesa, porque uma outra agremiação demonstrará interesse. E geralmente essa tem sede lá no Velho Continente.

Pronto, eis a trama! Um enredo simples, repleto de dribles desconcertantes, jogadas em velocidade e belos gols. Mas então o final feliz é para todos? Não... Longe disso até! Nesse filme brasileiro, o futebol do País não tem direito a final feliz.

O Brasil, que já foi o principal celeiro de candidatos a craque no mundo, hoje, limita-se a ser um "entreposto" dessa engrenagem. Em outras palavras, ele descobre o talento, burila e exporta. E lá no estrangeiro, a pedra preciosa vira joia.

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A última joia dessa cruel engrenagem para os clubes do País chama-se Danilo. Desde os tempos de América Mineiro, o lateral e meio-campista demonstrava que velocidade e arremate eram suas principais características. E no Santos de Neymar Júnior, Danilo foi uma "roldana" cara à "máquina" que faturou o Campeonato Paulista de 2011 e a Copa Libertadores de América do mesmo ano.

É claro que diante de tanto sucesso, Danilo, então uma pedra das mais preciosas, juntou mala e passaporte, mandando-se para Portugal, mais precisamente para a cidade do Porto. Um destino, aliás, cada vez mais comum para jovens jogadores brasileiros e sul-americanos.

Por lá, eles se aclimatam ao futebol europeu. E sentem de perto o calor da disputa da Liga dos Campeões e da Liga Europa. Se repetirem o desempenho de América do Sul em terras portuguesas, pronto, estarão aptos para novamente juntar passaporte e mala, ganhando novo carimbo em direção a Madrid, Barcelona, Manchester, Paris ou Londres, as novas rotas das "pedras preciosas" do futebol sul-americano.

O resultado para os clubes do Novo Continente é um só: conformar-se. Conformar-se em ver Danilo, vendido por 13 milhões de euros ao Porto, agora ser negociado pelo clube português por quase 32 milhões de euros. E ainda contentar-se com os 5% de clube formador, que também terá que ser partilhada com o América Mineiro, no caso.

Em outras palavras, o roteiro desse filme brasileiro continua o mesmo, intacto e sem previsão de sair de cartaz. O Brasil continuará vendendo o artista e não o espetáculo!

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