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Tabelinha entre tática, opinião e informação

Fifa e a "não polêmica" dos Mundiais de Clubes

Entidade máxima do futebol insiste em classificar quem é "campeão do mundo" e "intercontinental", quando, na verdade, deveria investir tempo e energia em resolver as várias querelas do esporte.

Por Maurício Capela
Atualização:

Defina o verbete "mundial"? Nos dicionários da língua portuguesa, expressões como "geral" e "universal" estabelecem claramente a idéia de amplitude que a palavra pede. Agora, combine à mundial a nomenclatura "campeonato"? Bem, nesse caso, Antônio Houaiss é taxativo, "trata-se de qualquer certame, torneio ou disputa em que se concede o título ao vencedor.".

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Desta forma, não precisa ser graduado em Física, Matemática ou Mecatrônica para notar que "campeonato mundial" significa qualquer certame, torneio ou disputa envolvendo algo universal.

Pois bem... Mas na ausência de "mundial" a palavra "intercontinental" teria lá alguma serventia? Como explica Houaiss, "intercontinental" é um adjetivo que denota algo situado entre continentes, geralmente dois.

Portanto, apesar de a semântica favorecer o entendimento atual da Fifa, de que campeonato mundial de clubes só existe desde a edição de 2000, apesar disso, é evidente que se demanda entender o contexto. E o contexto parece obviamente claro. Antes de 2000, a Fifa andava muito mais preocupada com as diversas copas do que exatamente em promover uma competição global entre equipes dos cinco continentes.

Então, a razoabilidade ou o bom senso manda dizer que de 1951 para cá os títulos intercontinentais, universais, globais, desde que tenham sido jogados no Planeta Terra, sejam reconhecidos como mundiais. Afinal, não existiam campeonatos mundiais de clubes chancelados pela entidade, pela Fifa, até 2000. Mas existiam competições.

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Mas agora sob o comando de Gianni Infantino, o entendimento é que uma coisa é "intercontinental" e outra é "mundial". Desta forma, Pelé jamais foi campeão com o Santos, Di Stéfano com o Real Madrid tampouco ou Ronaldo com os madrilenhos idem. Sem contar Raí, Muller, Telê Santana, Zico e tantos outros.

Trocando em miúdos, trata-se de um jogo de palavras, cujo resultado terminará em provocações entre torcidas rivais, talvez agressões ali e acolá, e mais nada, absolutamente nada. Até porque o que deveria realmente importar, como por exemplo discutir a crescente diferença de poderio econômico entre as agremiações europeias e sul-americanas ou o necessário ato fiscalizatório em jogos de azar, que têm o futebol como alvo, aparentemente aparecem de vez em quando. Em menor frequência do que exatamente o debate "mundial" e "intercontinental".

Em suma, a semântica por si só é pura espuma. Uma espuma que os amantes do futebol, acredito, já deixaram para lá faz tempo.

 

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