Foto do(a) blog

Tabelinha entre tática, opinião e informação

Legado dos 7 a 1: nenhum!

Reformulação do futebol brasileiro deve ser ampla e irrestrita, contemplando desde a base dos clubes até a recuperação dos laços culturais desse esporte com o povo.

PUBLICIDADE

Por Maurício Capela
Atualização:

"O tempo passa..." já diria o saudoso locutor esportivo Fiori Gigliotti. E passou! Passou um ano desde que o Brasil calçou as chuteiras para entrar no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG), no melhor padrão Fifa. Era semifinal de Copa do Mundo e do outro lado a então candidata ao caneco, Alemanha. Tão candidata ao título, até aquele momento, como o Brasil.

PUBLICIDADE

O resto da história todos sabem... De cor e salteado. De frente e verso. Mas o que mudou de lá para cá? Nada! Absolutamente nada!

Os clubes brasileiros continuam chutando para escanteio um trimestre do ano, disputando campeonatos estaduais que só fazem reduzir o nível técnico do futebol no País. Além disso, as agremiações continuam administrando as finanças no melhor estilo "enxuga gelo". E se desfazendo a todo instante do artista, quando se deveria vender o espetáculo.

Mas para negociar o futebol praticado nos trópicos é preciso, antes, um choque de realidade. É necessário recuperar os clubes do País, uma vez que não há futebol sem time e tampouco jogador sem equipe.

Portanto, a solução do futebol brasileiro passa longe da Seleção Brasileira. A Seleção é ponta final do processo, não é meio e tampouco base de pirâmide. Ou seja, sem essa de inverter e subverter a lógica.

Publicidade

Em outras palavras, o Brasil não vai se recuperar em um ciclo de Mundial. É um trabalho, que se iniciado hoje, em 2015, vai dar frutos consistentes em 2022, no Catar. E olhe lá!

Mesmo sabendo que jogar futebol no Brasil é tal qual uma prática religiosa. Faz parte do nosso DNA cultural!

Mas é preciso ir além. É preciso fomentar essa cultura, recuperando o prazer do pai em levar o filho a um estádio ou arena, sem que o medo o domine. É preciso devolver ao público a praça esportiva.

Talvez resida aí o primeiro e fundamental passo. Se a praça esportiva voltar ao alcance do público, é questão de tempo, meses, para que o garoto impulsionado pelo transe direto de um jogo e pela projeção fã-ídolo se aproprie novamente do gosto, que sempre esteve em cada um dos brasileiros, de jogar futebol na rua, no quintal, no clube, na escolinha, tanto faz...

Simultaneamente, é necessário também recuperar os clubes para que eles estejam aptos a receber esses garotos: técnicos competentes na base, dinheiro para realizar os corretos investimentos, fiscalização, contratação de ídolos para o time principal, entre outros. Com essa engenharia azeitada, é batata, o futebol brasileiro vai criar condições para chutar bem longe esse período insosso e de completa inanição.

Publicidade

Daí, vai ficar mole internacionalizar o campeonato nacional, vendendo o certame para quem quiser comprar. Porque os estádios vão estar cheios, os jogos serão tecnicamente melhores e alguns ídolos aqui estarão.

É claro que é difícil sacar uma fórmula da cartola! Mas qualquer solução passa pelo papo e pela sadia troca de ideias. Jamais por imposições! Porque se ninguém assumir seu quinhão de responsabilidade, chegará o dia em que o País do futebol ficará de fora de uma Copa do Mundo. E aí não vai adiantar explicar, porque explicado já estará! E esse dia não está longe!

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.