Julga-se muito por aqui. Nos Trópicos! Mas se discute cada vez menos os motivos pelos quais os erros acontecem e se perpetuam. Maicon, o zagueiro do São Paulo, agora é a bola da vez. E não resta dúvida, Maicon errou. É fato!
No entanto, transformá-lo no "Cristo do momento", é um exagero, outro erro. Primeiro, porque a defesa do São Paulo, após o seu desembarque, melhorou. E muito. Depois, porque o ato de infelicidade não deve anular a boa tacada feita pelo São Paulo, qual seja, a contratação do atleta por quatro temporadas. Maicon é e será um jogador útil ao São Paulo nos próximos 48 meses.
Contudo, o gesto pouco cauteloso do atleta do São Paulo, que resultou na expulsão, deveria, na verdade, ser entendido sob aspecto maior. Afinal, até ali, quem jogava melhor: São Paulo ou Atlético Nacional?
Pois, então... Eis o "xis" da questão. O Atlético Nacional, mesmo em um Morumbi abarrotado, comportava-se melhor. Trocava passes, envolvia o adversário e era mais time para lançar mão de português claro.
É justamente aí, nessa ausência de consciência, que os clubes brasileiros se perdem pelo caminho. Afinal, traduz desconhecimento em direção às qualidades do adversário e ao atual momento da bola no continente. Qual seja, a de que o Brasil está, no máximo, no mesmo nível de futebol praticado no Equador, na Colômbia, na Argentina e por aí vai...
O respeito acabou e o temor também, já faz tempo. Nenhum bom time sul-americano abre ou abrirá mão de suas convicções simplesmente pelo fato de jogar no campo de um adversário brasileiro. Não! Isso, já existiu, mas agora é passado. Mas por quê?
A este blog, a resposta reside nesta trinca: estudo, gestão e consciência. Estudo, porque no futebol internacional, técnico bom estuda. E muito! No futebol mundo afora, comanda quem sabe calcular investimento versus retorno; gasto versus receita. E consciência de que somente será competitivo quem equilibrar esses dois pontos anteriores.
O imediatismo, que ainda reina em Terra Brasilis, só está alijando os clubes do País da necessária e devida atenção que se deveria dar a essa trinca. E nós ainda não nos convencemos de que devemos comprar essa ideia.
Como não nos convencemos, estamos literalmente ficando para trás em termos de competitividade. E à espera sempre do surgimento de um grande jogador para justificar nossa crença no talento individual, que é importante, mas já não é peça única e determinante na engrenagem.
Em outras palavras, a derrota do São Paulo deveria causar boa reflexão. Mais uma. Mas a crença de que o talento brota do chão, de que praticamos o melhor futebol do mundo, de que só temos craques, ainda vai nos trazer outros reveses até que a consciência definitivamente assuma o comando, e com ela a gestão.