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Tabelinha entre tática, opinião e informação

O País dos Zagueiros!

Lista do Sindicato Mundial dos Jogadores atesta qualidade dos defensores brasileiros e reacende discussão sobre a escassez de bons atacantes do Brasil.

Por Maurício Capela
Atualização:

O Brasil é o país dos zagueiros. A afirmação, até outro dia, soaria para lá de estranha. Esquisita até! Mas a lista divulgada pelo Sindicato Mundial dos Jogadores, com chancela da Fifa, não deixa dúvidas: entre os 15 indicados, cinco nasceram na terra outrora dos melhores atacantes do mundo.

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É claro que David Luiz e Thiago Silva do PSG, Marcelo do Real Madrid, Filipe Luís do Chelsea e Daniel Alves do Barcelona nada têm com isso. Fizeram e fazem muito bem o seu trabalho.

É claro também que desses cinco citados pelo sindicato global dos boleiros, alguns mostram um cacoete danado para jogar em uma linha mais avançada. É o caso de David Luiz, Marcelo e Daniel Alves.

Os dois últimos, então, são verdadeiros alas, que pouco lembram o estilo defensor dos laterais dos principais clubes europeus. E David Luiz, há quem o defenda atuando no meio de campo, como José Mourinho, técnico do Chelsea, que já o treinou e o escalou nessa posição.

Mas a supremacia brasileira na lista dos melhores defensores do mundo pede reflexão. Até os anos 90, jogar como zagueiro em clubes brasileiros tinha pouco prestígio.

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Mas com o amadurecimento de excelentes defensores como Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Márcio Santos, Aldair, além do surgimento de Júnior Baiano, Antônio Carlos, Cléber, entre outros, novos ares contaminaram o ofício. Uma necessária mão de verniz!

Depois deles, o Brasil não parou mais de produzir grandes defensores. Questionava-se um nome ali, outro acolá, mas os zagueiros que envergavam a camisa verde-amarela eram sempre grandes jogadores.

Hoje, a lógica se inverteu. Produzimos poucos excepcionais atacantes... E logo veremos o resultado disso cristalizado na lista dos melhores atacantes do sindicato global dos boleiros. 

Por quê? A resposta até parece perseguição, mas não é. O Brasil não produz gente boa na linha de frente, como na defesa, porque a base anda falhando. E muito! Faltam meias no futebol brasileiro e atacantes em profusão, assim como nos anos 90 não existiam laterais-direitos.

O problema é o mesmo. Base! Ou se coloca um pingo de racionalidade no sistema, combinando dinheiro e planejamento, ou ele colapsa, como agora. Quer um exemplo?

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Qual é o destaque da base do Palmeiras? João Pedro, lateral, ou Nathan, zagueiro. E do São Paulo? São os zagueiros Lucão e Rodrigo Caio. E do Santos? O meia Geuvânio e o atacante Gabriel. E do Corinthians? Talvez o atacante Malcom.

Dos sete jogadores citados, mais da metade é formada por... Zagueiros!

Se o alvo for o Cruzeiro? Bom, aí a conta fica ainda mais desigual, uma vez que os destaques da base do campeão brasileiro são o lateral-direito Mayke e o marcador Lucas Silva.

No Vasco, que acabou de subir à primeira divisão? Bom, daí surgem o lateral-esquerdo Lorran, o zagueiro Luan e o atacante Thalles.

Pois é, há quase um movimento silencioso, untado em uma crença de que o Brasil precisa fortalecer o sistema defensivo. E mesmo sendo uma onda fragmentada, o resultado é: revelação de defensores.

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Os clubes do Brasil, em alguma medida e de alguma forma, precisam estabelecer um canal de diálogo para que a equação entre defesa e ataque alcance algum grau de equilíbrio. Caso contrário, a conta que veio à vista na Copa do Mundo deste ano será renovada para 2018. E aí vai ficar russo, literalmente!

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