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Tabelinha entre tática, opinião e informação

Obrigado, Rio!

A cerimônia de abertura do Jogos Olímpicos do Rio, além de impecável, pode impulsionar alguma recuperação da autoestima nacional?

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Por Maurício Capela
Atualização:

O Brasil vive tempos de inflexão. Introspecção. Desconfia-se de tudo e de todos, de nossa capacidade de colocar em pé algo, qualquer coisa. Desconfia-se se somos capazes de fazer isso, fazer aquilo, cumprir esse ou aquele outro compromisso. Enfim, desconfia-se.

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Nelson Rodrigues, para não fugir do clichê, neste caso necessário, definiu o que reside em nossa alma, uma vez que detectado já estava. Mesmo em momentos de euforia mil, cá entre nós reside um delicioso gosto pelo fracasso, pelo mais simples e retumbante naufrágio.

Ao lançar mão do conceito "complexo de vira-lata", Rodrigues colocou o dedo na ferida d'alma nacional. É algo que nos persegue desde muito e talvez assombre mais algumas gerações adiante.

Mas nesta sexta-feira o País resolveu acreditar. Pagar para ver. E o que se viu foi um espetáculo! Um espetáculo sem cópia, sem plágio, uma cerimônia desportiva original, feita do nosso jeito e da nossa maneira.

O Rio foi a nossa grande estrela, mas ao lado dela, nós pudemos exibir ao mundo um pouco de nossa história, de nossa identidade sociocultural. Ao inserir índios, caravelas, colonização, imigração e migração na abertura dos Jogos Olímpicos, demonstramos ao mundo como diversificado somos. E como nossa mistura deu um enlace diferente.

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Sim, temos e teremos problemas nos Jogos. Algumas coisas simplesmente não vão funcionar e algumas coisas vamos arrumar de última hora, porque é assim que sempre fazemos: "damos um jeito".

Cá não consigo apontar o dedo e dizer se isso é ruim ou se é bom. Mas cá também me pergunto, precisa? Não sei, sinceramente, não sei...

Só sei que a paisagem da bela cidade do Rio de Janeiro ao se misturar com a nova "garota de Ipanema" entorpeceu o universo. E nos encheu de orgulho os acordes de Paulinho da Viola, interpretando o hino nacional, que nos estimula a respeitar a mãe natureza. Em linha com a mensagem olímpica, a sustentabilidade.

Se vamos ganhar medalhas ou não, se vamos ficar bem colocados ou não, é algo que transcende os Jogos e dialoga com o nosso jeito. O nosso jeito de escolher o que fazer.

Sim, deveria-se ter investido mais, deveria-se ter Política Pública de esporte. É fato, é notório, é óbvio e é urgente.

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Mas a mensagem do Maracanã é repleta de reflexão. Desportiva e Cultural. O Brasil pode mais. Cada uma das suas cidades podem e devem fazer mais. Porque a festa foi no Rio, mas teve contribuição de cada rincão do Brasil.

Então, os paulistas, os mineiros, os gaúchos, os paraenses, os baianos, os pernambucanos, os paranaenses, enfim, todos, todos só podem dizer que do 14 Bis o Rio de Janeiro continua lindo... Continua lindo desportivamente e culturalmente. Continua sendo o cartão postal desse imenso País. Alô, Rio de Janeiro, leve consigo um forte e sincero abraço... Aquele abraço!

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