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Tabelinha entre tática, opinião e informação

Valdivia e a magia das palavras

Com contrato até agosto deste ano com o Palmeiras, jogador usa as redes sociais para se posicionar sobre as negociações e, em certa medida, transfere a responsabilidade de um acordo para a direção do clube.

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Por Maurício Capela
Atualização:

Jorge Valdivia rompeu o silêncio. E entrou no campo das redes sociais, disposto a construir suas postagens, uma a uma, a respeito de renovação contratual, salários, contusão e imprensa em uma boa tabela entre letra e raciocínio que não deixa dúvidas a respeito de seu estado de espírito. O craque do Palmeiras e ídolo do clube nos últimos anos está descontente.

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Valdivia, claro, tem todo o direito de se pronunciar do jeito e da forma que entender. Aliás, é uma prerrogativa de qualquer cidadão que vive em um país democrático, e felizmente este é o caso do Brasil.

Portanto, é preciso olhar com critério e contextualização o que disse Valdivia. Lesionado desde o fim de 2014, o jogador tem contrato com o clube até agosto próximo. E pelas declarações do atleta, a negociação nem entrou em processo de aquecimento.

O fato é que pela legislação atual, Valdivia já poderia, em tese, ter assinado um pré-vínculo com qualquer outra equipe do Brasil e do exterior. Algo, inclusive, que o craque alviverde repele ao afirmar que jamais vestirá outra camisa no País que não seja a do Palmeiras.

Sinceramente, vestir outra camisa ou não no Brasil, não deveria chamar tanto a atenção. Só chama, porque o futebol brasileiro prima pelo emocional em detrimento da racionalidade.

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Ora! Valdivia é jogador profissional de futebol e caso não renove com o Palmeiras, obviamente vai continuar exercendo seu ofício em algum outro canto do País ou do mundo. É tão simples quanto!

Além disso, salário é uma prerrogativa de negociação entre clube e jogador. Não é de interesse público. Beira, na verdade, o interessante para o público. Até porque quando se joga em clube grande naturalmente os vencimentos ganham muitos zeros à direita. Não é novidade!

O que precisa ficar claro para o torcedor do Palmeiras nesse emaranhado de declarações é se o jogador reúne, de fato, condições físicas para continuar envergando a camisa do clube, uma vez que sua qualidade técnica é indiscutível. E mais.

Entender se essa condição física vai permitir que Valdivia atue em boa parte da temporada 2015. Porque essa é a conta que interessa: custo do contrato versus o retorno técnico, midiático que um jogador desse porte é capaz de trazer.

Talvez o Palmeiras já tenha feito essa conta. Ajustado números dali e daqui. Mas se fez e pelo tempo de contrato restante, então, não faz o menor sentido adiar uma renovação ou não, uma vez que não há como faturar centavo algum com os direitos econômicos. Pelo contrário!

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Manter Valdivia até o fim do contrato, sem querer ficar com ele por mais tempo, só vai dar chance ao "Sobrenatural de Almeida" entrar em cena, diria certamente Nelson Rodrigues.

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Sim, porque ter um jogador desse nível e não utilizar, significa dar chance para que na primeira crise técnica dentro de campo, a torcida encha os pulmões e cante o nome do craque na arena. O que tratando-se de Palmeiras será como acender um fósforo em um quarto repleto de pólvora.

Portanto, seria interessante colocar a emoção no banco de reservas. E se for o caso, apertar a mão do jogador, dizer "muito obrigado e até um dia" e tocar a vida adiante.

Hoje, o Palmeiras está na ascendente. O ambiente é bom, a torcida na arena tem contribuído, e os reforços começam a dar o tom. Ou seja, a perspectiva é positiva.

Em outras palavras, não é hora do sangue italiano ferver, mas sim da racionalidade dos gestores entrar em campo e colocar um ponto final, seja lá qual for, no assunto Valdivia. Esticar a novela, é certo, não é interessante ao Palmeiras. E como o jogador já demonstrou por meio de suas declarações, também não lhe apetece. 

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