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Um blog de futebol-arte

A mística de sempre entre Argentina e Uruguai

Dou razão às restrições feitas por meu amigo Ugo Giorgetti, em sua coluna de domingo, à Copa América. De fato, é melancólico ver que a grande maioria dos jogadores, inclusive das seleções menos badaladas, atua na Europa e em outros mercados, e não em seu continente.

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

O futebol sul-americano faliu. Dissolveu-se diante da globalização da bola. Essa é a realidade e só não a vê quem não quer. Como fazer vistas grossas ao fato de que o mais mortífero trio atacante do mundo, o do Barcelona, compõe-se de três jogadores sul-americanos, Neymar, Messi e Luis Suárez? Já está batizado: o Trio Mercosul. Tudo isso, repito, é verdade e só não vê quem não deseja ver, ou for muito alienado.

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No entanto, quando argentinos e uruguaios se enfrentam, como aconteceu ontem, é como se a maldita globalização da bola não existisse e houvesse de novo patriotas em campo, lutando pela bola como por um prato de comida. Inútil, nesse momento, dizer que são todos ricaços moradores da Europa, passam férias em Ibiza ou na Riviera Francesa e andam em Ferraris. Estão longe do tal "prato de comida", portanto, com riqueza garantida para as próximas gerações.

Mas, quando entra em campo um rivalidade antiga e persistente como as dos irmãos Karamazóv do Rio da Prata, a coisa pega fogo. Messi, que vale várias vezes seu peso em ouro, era marcado como se jogasse na várzea. Jogo viril, para valer, para ganhar e não aquelas disputas entre gentilhomens das ligas milionárias. Era o velho e bom futebol latino-americano em campo.

A Argentina ganhou por um detalhe - o gol, assim chamado por nosso insígne Carlos Alberto Parreira. Mas o Uruguai esteve muito perto do empate. Foi um jogaço.

E, querem saber, senti pelos rumores da vizinhança que havia mais torcida contra a Argentina do que a favor do Brasil em seu jogos. Pelo menos os hermanos e os orientais (que é como se chamam os uruguaios) suam a camisa para valer. E a honram.

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