Para quem não viu o jogo, o placar sugere uma partida duríssima. 1 a 0, Real Madrid contra o Grêmio. E justifica as frases bombásticas de comentaristas e do técnico Renato Gaúcho: "jogamos de igual para igual" ou "saímos de cabeça erguida".
Quem viu, sabe que foi uma partida muito fácil para o Real Madrid, pouco exigido ao longo de todo o jogo.
Os números também falam tudo, neste caso: 20 chutes a gol do Real, um do Grêmio.
Não há por que esconder: a diferença técnica entre as multinacionais da bola europeias e as equipes da América Latina tornou-se abissal. Intransponível.
Não é justo colocar em confronto equipes de níveis tão diferentes, assim como não se coloca um peso-pesado para bater num peso-pluma. A ética do boxe não permite.
Cabe lembrar que os europeus não atingiram tamanha superioridade por competência técnica ou iluminação divina, mas pelo poder econômico.
O desequilíbrio total veio com a lei Bosman, que permitiu às equipes mais ricas do Velho Continente tornarem-se seleções multinacionais, sem qualquer limitação prática do número de estrangeiros por equipe.
Enquanto essa situação se mantiver - e não há qualquer indício de que venha a se alterar no curto prazo - o confronto entre times de realidades tão desiguais não faz mais nenhum sentido esportivo.