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O Brasil inventou o drible

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Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Vagabundeando pela internet, descubro um livro sobre a história do drible e, portanto, sobre a história do futebol brasileiro.

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Chama-se Éloge de la Esquive, do francês Olivier Guez. Leia entrevista aqui.

Guez relembra alguns grandes momentos do futebol brasileiro, em particular as seleções de 1970 e 1982 (ele é jovem demais para ter visto a de 1958 e também o Santos de Pelé).

No entanto, fala maravilhas de Garrincha, em particular pela arte de enganar o marcador, embora coloque Pelé no topo, pela vastidão do repertório. Descreve, de maneira acertada, a meu ver, a adesão brasileira às táticas europeias, em particular devido à derrota na Copa de 1982, como responsável pela perda do estilo anterior. E também ao êxodo dos nossos jovens talentos que, na Europa, cedo adquirem um estilo mais "musclé" e, portanto, avesso ao drible.

Guez admite que o estilo do Barcelona foi encantador, mas pouco tinha a ver com o brasileiro, sendo mais adequado à mentalidade do século 21. O tik-taka seria expressão desse mundo em rede, conectado, em que o fluxo seria constante e não intermitente e ritmado como no caso da época áurea do Brasil.

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A reportagem é ainda ilustrada por dois gols fantásticos da seleção: o de Éder que, aproveitando-se de um corta-luz de Sócrates, recebe a bola, domina e sem deixá-la cair mete na rede. E outro, de Elano, proveniente de uma sequência barroca de dribles de Robinho, pela esquerda.

É maravilhoso rever o futebol brasileiro em seus bons momentos e recebendo o reconhecimento intelectual de quem sabe apreciar a beleza do jogo e estudá-la.

 

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