Até há pouco havia quase uma convergência de opiniões sobre o fato de os técnicos serem supervalorizados. Tudo recaía sobre suas costas. Todos os méritos eram deles. Toda a responsabilidade também.
Essa imagem foi sendo pacientemente desconstruída por comentaristas, até chegarmos à "verdade" oposta. Técnicos não prestam para nada. Praticamente servem apenas para dar moral ao grupo e distribuir as camisas.
Ora, com dois resultados positivos da seleção e pronto: nasceu um gênio. Tite. A era Tite que encerra a era Dunga. E eis o futebol brasileiro de volta ao seu destino manifesto, se me permitem a expressão. Vencedor, artístico, goleador, irresistível. Futebol de poesia, como dizia Pasolini.
De repente, nada mais é problema. As questões estruturais do futebol brasileiro são arquivadas. O êxodo, que enfraquece os times, desfigura campeonatos locais e afasta a seleção dos torcedores já não é mais mencionado. A crise de talentos, evocada por ocasião dos 7 a 1, não está mais em pauta. O problema era o técnico. Já não é mais: temos Tite.
Dito isso, é inegável que a seleção jogou contra Equador e Colômbia bem melhor do que vinha fazendo. Podemos apostar que isso continuará? Bem, tem boas chances de se estabilizar nessa boa fase, pelo menos no curto prazo. A próxima rodada, contra Bolívia (em casa) e Venezuela (fora) é, em tese, mais fácil. Dá um respiro e pode alcançar a liderança do grupo.
Para muita gente, o Brasil já estava virtualmente fora da Copa de 2018, na Rússia. Com duas vitórias, subiu para o 2º lugar no grupo.
Como fica? Todos os problemas foram resolvidos?
O problema era só o técnico?