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Após denúncias, ministério cancela bolsas para o MMA

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

O ministério do Esporte decidiu cancelar a concessão de Bolsa Atleta a duas lutadoras de MMA que haviam sido beneficiadas em lista publicada no Diário Oficial de sexta-feira passada. A pasta informou apenas que a CBMMA (Confederação Brasileira de MMA) enviou uma retificação na segunda-feira. Questionado naquele mesmo dia, o ministério protelou e não respondeu por que chegou a conceder a bolsa às duas atletas.

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Tais Machado e Cinthia Lehne Guth Nunes foram contempladas pelo Bolsa Atleta Internacional (R$ 1.850 mensal) por conta do Dragon Fight, que foi apresentado pela CBMMA ao ministério do Esporte como sendo o Campeonato Sul-Americano de MMA, realizado em Gramado (RS), em outubro do ano passado.

De acordo com João Roberto Trindade, diretor executivo da CBMMA, não houve lutas femininas no evento. "Não teve luta por falta de atletas. Mas elas fizeram pesagem, subiram no ringue para fazer uma exibição e ganharam medalhas e troféu", contou o dirigente ao blog, na segunda-feira, antes de decidir só se pronunciar por meio de advogados.

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A versão é diferente da apresentada por Ronnie Lincoln, presidente da Federação Gaúcha de MMA e organizador do Dragon Fight. "Na feminina, teve duas categorias só. Uma das categorias tinha todas (as atletas), sim. Na outra, só tinha duas atletas e nenhuma delas foi para o Bolsa porque eram brasileiras e da mesma equipe", argumentou. Ele prometeu enviar fotos das lutas, mas não o fez. As duas beneficiadas são da mesma equipe, a Inter Estilos, de Bom Princípio (RS). Tais é lutadora de MMA e faz confrontos profissionais, inclusive. O blog não encontrou qualquer referência a outras competições disputadas por Cinthia.

No sábado, Cinthia foi questionada sobre a Bolsa ganha sem lutar e disse que "poderia explicar". Depois, não mais respondeu às perguntas do blog. O técnico delas, Cristiano Bennedeto, também beneficiado pelo Bolsa Atleta, revelou que havia proibido seus lutadores de concederem entrevista. Quando questionado sobre quais as lutas que Cinthia e Tais haviam realizado no Dragon Fight, disse que precisaria consultar seu advogado.

O ministério do Esporte foi informado das denúncias, pela reportagem, na segunda-feira à tarde, via assessoria de imprensa, por telefone. No começo da noite de segunda, respondeu que: "Os dois nomes das categorias feminino principal 61kg e 65kg foram excluídas do pleito após a divulgação da lista em virtude de retificação feita pela confederação".

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Ainda na segunda-feira, o blog perguntou ao ministério do Esporte se a documentação enviada inicialmente pela CBMMA citava que houve lutas, quantas lutas cada atleta fez e quais atletas femininas estrangeiras participaram do evento. Até o momento, o ministério não respondeu aos questionamentos. 

 Foto: Estadão

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A informação do ministério de que Tais e Cinthia haviam sido beneficiadas em categorias diferentes contrasta com os relatos tanto do organizador do evento quanto do diretor executivo da CBMMA, responsável pelo envio das súmulas ao governo. Mais do que isso. Tais aparece no Diário Oficial como contempladas por ter sido vice-campeã de suas categoria, enquanto Cinthia foi terceira. Para o ministério, alguém ganhou delas. Resta saber quem.

A CBMMA diz, via assessoria de imprensa, que só vai se pronunciar depois do dia 15 de dezembro quando, alega a entidade, será divulgada uma nova lista de contemplados pelo Bolsa Atleta. A portaria que contém a lista de atletas beneficiados, assinada pelo ministro Aldo Rebelo, começou a valer na data da publicação - sexta-feira passada, portanto. No total, 734 atletas foram contemplados.

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