PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Brasileiro oferece própria roda para colega continuar no Mundial de Mountain Bike

Sherman Trezza ofereceu o seu pneu, bom, para que Henrique Avancini, com o pneu avariado, pudesse continuar no Mundial de MTB

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:
 Foto: Estadão

O legal de escrever sobre esportes olímpicos é poder contar histórias como a acontecida neste sábado, durante o Mundial de Mountain Bike (MTB), realizado na Noruega. Aconteceu entre dois brasileiros, adversários por uma vaga olímpica em 2016, mas, ao mesmo tempo, amigos e colegas de equipe na Caloi.

PUBLICIDADE

Um dos personagens é Henrique Avancini, melhor atleta de MTB que o Brasil já viu, 20.º colocado no ranking mundial apesar de ter apenas 25 anos (dos que estão à sua frente, só quatro são mais novos). Henrique vem tido seguidos problemas com pneus furados e no Mundial não foi diferente.

"Não dá pra dizer que é um grande azar furar nessa pista porque um caminhão de gente furou, mas tive o azar de acontecer imediatamente após a área de apoio. Meia volta furado e depois tentando levar (empurrar a bike) (com o pneu) furado, o pneu saiu do aro e ai fez uma lambança!", contou Henrique, no Facebook.

O que Henrique não esperava é que seu colega de equipe, Sherman Trezza, também de 25 anos, 87.º do ranking mundial, fosse parar ao leu lado e oferecesse uma troca de rodas: a dele, boa, pela de Henrique, que estava estragada. "Como ele (Sherman) ficou doente na Copa do Mundo da França (há duas semanas, não competiu porque estava gripado), iria me sentir mal em tirá-lo da prova. Mesmo assim valeu pelo companheirismo. Grande parceiro de equipe!", contou o melhor ciclista do País.

Sherman também já havia tido um pneu furado na prova, ainda na primeira volta, e corria no último lugar quando ofereceu a roda. No fim, foi Henrique quem terminou em último - ele completou o número mínimo de voltas para não se considerado desclassificado e depois abandonou. Sherman terminou no 84.º lugar, 11 posições à frente do colega. Os melhores brasileiros foram Ricardo Pscheidt (67.º) e Rubinho Valeriano (79.º).

Publicidade

A oferta de Sherman, absolutamente nobre, é motivada também por espírito de equipe. O Brasil tem direito a uma vaga nos Jogos do Rio (será fatalmente de Henrique) e poderá obter uma segunda se chegar a maio/2016 entre o sexto e o 13.º lugar do ranking mundial. São os pontos de Henrique (sozinho ele tem metade dos pontos do País) que vão definir se ele terá ou não um companheiro na Olimpíada.

Hoje o Brasil é 12.º no ranking mundial (teria, portanto, a segunda vaga), mas deverá cair depois que o Mundial for considerado - afinal, por países, o Brasil foi só 22.º na Noruega. Se Henrique estivesse com uma roda melhor, quem sabe alcançaria um resultado melhor e manteria o País dentro da zona de classificação olímpica. Sherman com certeza pensou nisso.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.