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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

COB admite acelerar naturalizações por medalhas em 2016

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Marcus Vinicius Freire é o homem forte do Comitê Olímpico Brasileiro. Enquanto Carlos Arthur Nuzman cumpre papeis políticos, é o ex-jogador da geração de prata do vôlei brasileiro quem cuida para que, no dia 21 de agosto de 2016, na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, o País comemore terminar uma Olimpíada pela primeira vez entre os 10 primeiros colocados do quadro de medalhas.

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Daqui até a Olimpíada, o Olimpílulas, agora parte dos blogs do Estadão, vai contar a formação do "Time Brasil", grupo de cerca de 600 atletas que representará o país sede dos Jogos de 2016. Só vôlei, basquete, futebol e tênis não entram na área de cobertura (não falta noticiário para isso).

No Time Brasil de 2016 estarão atletas buscando vencer um jogo ou uma luta, esportistas que brigarão por medalhas para muitos inesperadas e também atletas que competirão com a "obrigação" de um pódio.  Por um resultado melhor e pelo desenvolvimento do esporte no Brasil, Marcus Vinicius defende até mesmo a naturalização de atletas sem vínculos com o País.

Olimpílulas - Chegamos praticamente ao fim de 2013 com 26 medalhas em Mundiais neste ano, apenas em provas olímpicas. Num hipotético quadro de medalhas geral, o Brasil já estaria no Top10. Dá para dizer que a meta para 2016 foi alcançada?

Marcus Vinicius - Traçamos, em 2009, um plano para chegar até 2016 no Top10 e esse ano de 2013 mostra uma curva no caminho que desenhamos. Medalha esse ano não garante medalha em 2016, mas mostra que o trabalho está sendo feito no caminho esperado. Algumas modalidades que não ganharam medalhas olímpicas até hoje ganharam em Mundiais, mas pela nossa forma de medir não dá para esperar até 2016 para ver se deu certo ou não deu certo.

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Temos a certeza que o caminho está certo. É o melhor ano do esporte brasileiro. Ganhamos 26 medalhas, que podem ser 27, porque o Mundial Feminino de Handebol (que começa na próxima quinta-feira) está na nossa lista.

A história mostra que o décimo colocado dos Jogos Olímpicos conquista medalha, em média, em 13 modalidades. O Brasil, este ano, subiu ao pódio em 12. Se contarmos o atletismo e o futebol, chega em 14. O COB ainda procura novas modalidades para chegar ao pódio?

Aí vou usar minha veia de economista. Se tiver 14 para testar 14, é certeza que não vou conseguir. A gente continua abrindo mais o leque, tendo na nossa mira 16, 17, 18 modalidades pra acertar em 12, 13 e 14. Não tem como ter certeza hoje que essas vão dar resultados lá na frente. Nosso leque é maior.

Tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, levantamento de peso e luta livre tiveram atletas no Top10 do mundo esse ano. E ainda tem canoagem slalom, BMX e mountain bike com bons resultados. De qual dessas modalidades pode vir a 15ª ou 14ª que vai ao pódio?

É exatamente esse pensamento que você pegou aí. A gente tem quatro grupos de modalidades. A vital, que a gente sempre vai depender (vôlei, vôlei de praia, vela, atletismo, natação), a potencial (ginástica, maratonas aquáticas), a contribuinte (que não tem um monte de gente, mas tem um atleta que pode contribuir no resultado) e o legado, que é a modalidade que vai buscar se desenvolver.

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O que a gente quer é que uma modalidade pule de um grupo para o outro. Sexta-feira recebi o pessoal do badminton que veio mostrar que o badminton tem quatro no Top10 da América Latina e Top100 do mundo. Mas como eu faço para esses caras virarem Top50? Se já é Top10, como no tiro com arco, o nosso trabalho é esse: levar Top10 para Top8. O Top8, levar para o Top5. O Top5, levar para ser medalhista.

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Todas essas modalidades que você falou a gente está no detalhe. O que precisa? Ciência do esporte? Treinador? Condição de treinamento para o atleta? De repente o cara é Top10, mas não tem mais onde tirar do treinador para ser medalhista. Aí a gente recorre ao treinador de fora.

E nas modalidades nas quais as medalhas já têm dono, como tênis de mesa, saltos ornamentais? O que cobrar?

A melhor performance da vida deles para todos os atletas. Queremos ter 600 atletas em 2016 e que todos tenham a melhor performance deles. Essa semana falamos da Ângela Park, do golpe. Hoje ela é Top100. Mas vamos tentar fazer dela Top50. Depois Top30, para colocar ela no Top20 em 2016.

No polo aquático masculino contratamos o maior técnico da história. Três brasileiros medalhistas olímpicos por outros países devem jogar pelo Brasil. Três estrangeiros estão na boca de se naturalizar. A gente tem que tirar do (grupo do) contribuinte, do legado, né?

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Dos três brasileiros (Felipe Perrone, Tony Azevedo e Pietro Figlioli), só o Felipe deve jogar pelo Brasil, não? A CBDA já nem conta com os outros.

Se um time contrata o Bernardinho, muda completamente o perfil da resposta. A gente viu isso quando o Magnano chegou aqui e mudou a postura. Se o croata (o técnico Ratko Rudic) convocar alguém, é diferente de o Marcus Vinicius chamar ele para jogar. Todo mundo quer trabalhar com ele.

Isso também deve atrair atletas estrangeiros, então. O COB apoia a ideia de naturalizar à força? No polo aquático, um dos jogadores é um goleiro sérvio que já disputou diversos Mundiais e acabou de chegar no Brasil. Outro é croata e também veio só este ano ao Rio...

Quanto às naturalizações, nós apoiamos as ações das confederações. Não forçamos a fazer esse caminho. Quando se define isso, a gente tem um parceiro que tem o serviço para acelerar a naturalização. Ajudamos sim.

O polo aquático não deve brigar por medalhas com ou sem esses estrangeiros. É necessária mesmo a naturalização?

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Quando trazemos um jogador experiente você tem duas metas: ajudar os resultados e ajudar no legado. Quando você tem um jogador desse padrão jogando no clube ou na seleção você está atraindo novos atletas, ajudando o jovem atleta ir para um nível maior. E digo isso por experiência própria. O vôlei italiano cresceu quando passou a ter o melhor campeonato do mundo. Cada time tinha duas estrelas internacionais e puxava o nível dos outros jogadores do país.

Aproveitando o assunto polo aquático e intercâmbio: fala-se em levar uma seleção permanente para jogar a Liga Sérvia. É a mesma estratégia do handebol, que tem um time (Hypo) na Áustria. É um caminho?

Cada estratégia é uma estratégia. Tem caminho de ida e de volta. Fiz parte da geração que foi jogar lá fora para ganhar experiência. Depois, ajudei a repatriar, trazer Tande, Giovane, Mauricio. Quando a confederação acha que vale e nos convence, apoiamos 100%. A ação do Hypo tem trazido o handebol para um nível muito legal.

Para encerrar, alguns casos pontuais. O atletismo voltou do Mundial sem medalhas. Teve um ano bom na base, mas como transformar isso em resultados?

O atletismo teve um resultado razoável no Mundial, melhorou em número de finais, mas não dá para negar que faltou resultados. A confederação passou por uma mudança radical de administração e planejamento técnico. Já tivemos o feedback com os treinadores do COB e estamos entendendo que o planejamento de agora, focando em algumas provas, é o correto.

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No vôlei de praia e no basquete temos os melhores atletas fora da seleção. Na praia, a Juliana está brigada com a CBV. No basquete, o pessoal da NBA não foi para o Mundial. O COB agiu ou pretende agir de alguma forma?

Não. A CBV tem total independência, assim como qualquer outra modalidade. O nosso papel tem sido suportar. O mesmo para o basquete. Ajudamos no que podemos, mas a confederação tem independência.

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