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EUA só terão força máxima em 10 modalidades olímpicas do Pan

"Mas os Estados Unidos estão com força máxima?". Grande parte do público brasileiro, ao se deparar com qualquer resultado brasileiro nos Jogos Pan-Americanos, vai fazer a pergunta de sempre. E a resposta, na maioria dos casos, é "não". Dos mais de 120 atletas norte-americanos que ganharam medalha nos Jogos de Londres, em 2012, em modalidades individuais, nem um sexto vai a Toronto. Dos que subiram ao pódio em esporte coletivo, nenhum.

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Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

No total, são 38 medalhistas olímpicos na delegação norte-americana, vários deles de edições antigas - a equipe de adestramento foi ao pódio em 1996. A delegação inclui 111 atletas olímpicos e 20 que já foram medalhistas de ouro.

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A equipe mais forte, de forma geral, é de judô, que tem todos os principais atletas norte-americanos, incluindo dois medalhistas olímpicos e a estrela Kayla Harrison, rival de Mayra Aguiar na categoria até 78kg. No pentatlo moderno, no tênis de mesa, na esgrima, na ginástica rítmica, no nado sincronizado, no badminton, na canoagem slalom, na canoagem velocidade e no ciclismo BMX, a delegação dos EUA é a mais forte possível.

Na maior parte dessas modalidades, entretanto, os EUA não estão entre as potências mundiais e tendem a ter resultados inferiores ao Brasil. As exceções são o badminton (divide com o Canadá o posto de principal força regional), a esgrima (maior potência do continente) e o BMX, em que tem alguns dos melhores atletas do mundo. A equipe da esgrima, aliás, é quase a mesma que vai disputar o Mundial, na semana que vem.

Nos saltos ornamentais, por exemplo, os EUA tiveram quatro atletas medalhistas em Londres, mas nenhum deles estará em Toronto. É a praticamente a mesma situação da maratona aquática, boxe, ciclismo, tiro com arco, tiro esportivo ciclismo de pista, ciclismo de estrada feminino, tiro, tae kwon do e luta. Nessas modalidades, os medalhistas olímpicos convocados são exceção, não regra. No boxe, por exemplo, a maioria dos convocados não está entre os melhores dos EUA.

A equipe da natação é C. Mesmo assim, a delegação tem seis campeões olímpicos e 10 atletas que já foram a Jogos Olímpicos - a delegação de Londres tinha 49 nadadores norte-americanos. O mesmo vale para o atletismo, com 20 atletas olímpicos e quatro medalhistas.

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No remo, os EUA fizeram 10 finais em Londres, mas nenhum dos responsáveis pelo feito estará em Toronto. A equipe de ginástica artística também é B/C, com apenas um titular da seleção masculina. Assim como no atletismo e na natação, deve ser o suficiente para ficar com medalhas em todas as provas.

Por conta do calendário internacional, as competições de golfe, vôlei de praia, tênis e ciclismo de pista masculino serão completamente desfalcadas, restritas a atletas no mínimo de segunda linha. Os EUA vão enviar atletas que não estão nem entre os 10 melhores do país nas respectivas modalidades.

No vôlei e no basquete, as equipes são majoritariamente universitárias. Os EUA não vão competir no futebol e no handebol, enquanto no polo aquático, no hóquei sobre a grama e no rúgbi sevens vão levar a Toronto suas equipes principais.

NATAÇÃO - Só três atletas foram ao Mundial de 2013: Eugene Godsoe (prata nos 50m borboleta), Caitlin Leverenz (quinta colocada nos 200m medley) e Natalie Goughlin (veterana de 32 anos que tem 12 medalhas olímpicas). Cullen Jones foi prata nos 50m livre em Londres. Allison Schmitt, campeã dos 200m livre.

SALTOS ORNAMENTAIS - Foram quatro medalhas olímpicas em Londres, sendo três nas provas sincronizadas. Seis medalhistas, e nenhum deles estará em Toronto.

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MARATONA AQUÁTICA - Haley Anderson foi vice-campeã olímpica em Londres e não vai ao Pan. O Brasil também vai poupar Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha para o Mundial.

NADO SINCRONIZADO - Por equipes, os EUA não vão sequer ao Mundial. Não têm tradição. O dueto que ficou na 11.ª posição em Londres vai ao Pan.

POLO AQUÁTICO - Time principal, porque vale vaga olímpica.

TIRO COM ARCO - Dos seis que foram a Londres, só dois estarão no Pan. Mas lá estará Brady Ellison, que venceu o Marcus Vinicius D'Almeida na final do Mundial do ano passado.

BADMINTON - Força máxima. Dividem com o Canadá o posto de força continental, mas ficam longe de fazer bonito em uma Olimpíada.

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BASQUETE - O time masculino está treinando com 16 universitários de segunda linha, cinco profissionais (de ligas tipo da China) e um único atleta da NBA: Ryan Hollins, do Sacramento King. A convocação final ainda não foi divulgada. A equipe feminina é universitária, com algumas atletas que já jogaram em seleções de base.

VÔLEI DE PRAIA - Os EUA têm quatro duplas em cada gênero na seleção. Cinco homens e 11 mulheres na "seleção B". Os jogadores que vão para o Pan não estão em nenhum desses dois grupos. O Brasil vai levar Alvinho/Vitor Felipe (quarta dupla do País) e Lili/Carol Horta (sexta). Os demais focam no Circuito Mundial.

BOXE - Dos atletas que foram a Londres, só Claressa Shields (campeã olímpica) e Marlen Esparza (bronze olímpico) estará no Pan. A maior parte dos convocados sequer participou do Campeonato Nacional.

CANOAGEM SLALOM E CANOAGEM VELOCIDADE- Vão os mesmos atletas que disputam a Copa do Mundo. Mas os EUA não têm tradição na modalidade. Apenas dois canoístas são olímpicos.

BMX - Os EUA têm alguns dos melhores do mundo e vão enviá-los ao Pan.

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MOUNTAIN BIKE - No MTB, os EUA não estão entre os melhores do ranking mundial. Mesmo assim, não vão levar seus melhores. Georgia Gould ganhou o bronze em Londres e não estará no Pan. O Brasil também vai desfalcado, sem Henrique Avancini.

CICLISMO DE ESTRADA - Nem teria como os EUA levarem seus melhores atletas, que estão na Volta da França. No feminino, a equipe tem uma medalhista olímpica por equipes na pista (Lauren Winder). Os EUA, entretanto, terão apenas dois homens e duas mulheres no Pan. O Brasil vai com 5 + 3, sem os atletas que competem fora.

CICLISMO DE PISTA - Além de Lauren, a equipe terá Sarah Hammer (prata olímpica no Omnium) e outras duas atletas que estiveram no Mundial do ano passado. No masculino, os EUA não têm tradição. O único representante no Mundial não vai ao Pan.

HIPISMO - Dos 12 que foram à Olimpíada, só três estão no Pan. Na equipe de saltos (modalidade mais forte dos EUA), ninguém relevante.

ESGRIMA - É a mesma equipe convocada para o Campeonato Mundial, que será colado no Pan. Força máxima em uma modalidade em que os EUA sobram no Pan.

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HÓQUEI SOBRE A GRAMA - Time principal, mas os EUA não têm tradição. Só o time feminino foi à Olimpíada de Londres e ficou em último.

FUTEBOL - EUA abriram mão de jogar tanto no masculino quanto no feminino.

GOLFE - Os EUA são a meca do golfe, com milhares de atletas profissionais. No Pan, terão atletas amadores, incluindo a quinta do ranking mundial amador.

GINÁSTICA ARTÍSTICA - A ideia era levar John Orozco, o melhor do País, mas ele se machucou e foi cortado. A lista tem só um titular da seleção: Sam Mikulak. O resto, é uma equipe B/C.

GINÁSTICA RÍTMICA - A equipe é a mesma que foi ao Mundial. No individual, só uma das três que foram ao Mundial passado. O Brasil, entretanto, é mais forte.

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HANDEBOL - EUA não vão jogar.

VÔLEI - Times completamente "alternativos", uma vez que o Pan acontece paralelamente ao Grand Prix e à Liga Mundial.

JUDÔ - Força máxima, ainda que com somente de 12 judocas de 14 possíveis. O elenco tem Marti Malloy (bronze em Londres) e Kayla Harrison (campeã olímpica e principal rival de Mayra). O Brasil é muito mais forte.

REMO - Os EUA têm tradição no remo e fizeram 10 finais em Londres. Nenhum atleta que foi àquela Olimpíada, entretanto, está entre os convocados.

RÚGBI SEVENS - Os EUA têm uma seleção permanente, uma vez que a modalidade não é tão difundida por lá. É esse time que vai ao Pan.

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VELA - Força máxima nas cinco classes olímpicas. Mas nenhum dos convocados foi a Londres.

TIRO - Serão 25 norte-americanos em Toronto, dos quais apenas cinco estiveram na última Olimpíada. Dos quatro medalhistas em Londres, só uma vai ao Pan: Kimberly Rhode.

TÊNIS DE MESA - Os EUA vão levar o que têm de melhor, mas não têm nenhuma tradição na modalidade. O Brasil é muito mais forte.

TAE KWON DO - Outra modalidade que os EUA vão levar titulares, entre eles dois medalhistas olímpicos: Paige McPherson e Terrence Jennings.

TÊNIS - Por não oferecer prêmio em dinheiro, o torneio pan-americano não é interessante. Mesmo assim os EUA vão levar atletas de algum destaque, como Sachia Vickery, que foi às quartas de final de Notthingham, há duas semanas, e Dennis Novikov, top200 do mundo.

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TRIATLO - No feminino, os EUA têm três das quatro melhores do mundo. Não levará nenhuma delas a Toronto. Pelo contrário, terá atletas que nem no ranking aparecem. No masculino a força norte-americana não é tanta, mas o time também é B/C. O campeão pan-americano vai para a Olimpíada.

LEVANTAMENTO DE PESO - A equipe é a titular, com dois atletas olímpicos, apenas. Os EUA só vão competir em seis categorias.

LUTA - A equipe tem o campeão olímpico e mundial Jordan Burroughs e outros dois atletas que foram medalhistas em mundiais. Mesmo assim, não é força máxima. Dos quatro medalhistas em Londres, só um estará em Toronto.

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