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Machucado, Fábio Gomes assiste a Mundial pela TV e prevê crescimento do salto com vara

 

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Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Fábio Gomes da Silva vai viver uma experiência dura neste sábado: assistir a um Mundial de Atletismo pela televisão. Classificado para ir a Moscou como recordista sul-americano indoor e outdoor no salto com vara, o varista perdeu os recordes para dois atletas diferentes enquanto se recupera de uma grave lesão, no tendão de Aquiles do pé direito.

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Mesmo sem Fábio, que disputou as finais dos Mundiais de Osaka/2007 e Daegu/2011, o Brasil tem boas chances de obter bons resultados em Moscou. Isso porque Thiago Braz, de apenas 19 anos, chega ao Mundial como o quinto do ranking. Augusto Dutra, de 23, é o sétimo.

A expectativa é melhor para Augusto. A linha do corte do Mundial é 5,70m (que pode diminuir se menos do que 12 atletas passarem essa marca) e Augusto já superou essa altura pelo menos três vezes na temporada, com 5,75m, 5,81m e 5,82m. Já Thiago fez um salto espetacular e quase inacreditável na Alemanha, cerca de um mês atrás. Melhorou seu recorde pessoal em 0,23cm de uma só vez e chegou a 5,83m, novo recorde sul-americano.

"O Thiago vinha vendo em crescimento. Foi pra Olimpíada da Juventude, foi campeão mundial juvenil, e esse ano fez grande resultado. Ele vem numa crescente muito rápida", comentou Fábio, em entrevista exclusiva ao Olimpílulas.

Fábio está há cerca de seis anos competindo em alto rendimento. Thiago chegou à equipe da BM&F Bovespa, para treinar com Elson Miranda, há três anos. Augusto, só há dois. Nesse tempo, e principalmente desde a lesão, o mais experiente teve que aprender a ver nos colegas de treinos verdeiros rivais.

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João Gabriel Souza, que também já foi atleta de Elson, mas foi pego no doping em 2009, deixou a BM&F e agora está no Pinheiros, também fez índice para o Mundial. Assim, o Brasil teve quatro atletas com a marca mínima. Não fosse a lesão de Fábio (que tinha 5,60m, assim como João), um deles teria que ficar vendo a competição pela TV apenas por conta da concorrência.

"Agora a disputa fica maior, o crescimento é imprevisível. Não dá para saber onde dá pra chegar. São quatro, mas só dá para irem três para Mundial e Olimpíada. Um pode saltar 6 metros, ou outro, porque é imprevisível. Antes você fazia o índice e ia para o Mundial. Agora tem que ficar disputando a vaga", comenta Fábio, prevendo uma evolução nas marcas dos brasileiros justamente por conta da concorrência interna.

Ele acredita que dentro do próprio clube, por mais que haja amizade entre os atletas, essa concorrência faz os varistas saltarem mais alto. "A gente treinando junto todos vão crescendo juntos. Eu treino junto com eles e vou sempre querer estar crescendo, vou querer saltar também."

Fábio também acha que o fato de um novo atleta ter despontado fora da BM&F pode ajudar no salto com vara brasileiro. "Ter um atleta de outra equipe, de outro técnico, é muito bom para não ter só uma pessoa no salto com vara. Tem que ser em vários lugares. Fica melhor para o crescimento de tudo, dos atletas, dos técnicos", destaca o varista. João é treinado no Pinheiros por Henrique Martins, ex-atleta da BM&F, indicando que a escola, no fundo, é a mesma.

A partir do começo da próxima temporada é que o cenário do salto com vara brasileiro terá quatro competidores de peso. É quando Fábio Gomes voltará a saltar, depois de mais de um semestre inteiro afastado.

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"Já são três meses de pós-operatório, está indo bem. Acho que em outubro volto a treinar. Vai dar tudo certo, a operação foi bem sucedida. Já estou andando normal, só não consigo fazer treino muito forte, ainda estou ganhando força no tendão", explica Fábio, que se machucou durante o Meeting de Belém, em maio.

"Agora já me conformei. Quando rompi pensei: 'vou ficar fora'. Depois fui me acostumando para eu economizar energias. Acho que eu tava bem crescente, tinha feito o recorde indoor (5,70m), já tinha feito 5,60 na competição (em Belém), tava tentando 5,65m. Estava tendo um ano bem produtivo. Eu teria evoluído mais, ia ser uma disputa maior", comenta o varista, sem conseguir prever em que nível poderia chegar ao Mundial se não fosse a lesão.

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