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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Ginastas descobrem: ganhar em casa é mais gostoso

A presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Luciene Resende, disse ter viajado a nove países para conseguir trazer uma etapa da World Challenger Cup (que todo mundo chamou de Copa do Mundo) para o Brasil. Tivesse visitado 50 países e o esforço ainda assim teria valido a pena. Além de ter sido um sucesso de público, a competição foi de grande valia para os ginastas brasileiros. Afinal, eles sentiram na pele algo que só sabiam em teoria: ganhar em casa é muito mais gostoso.

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Durante todo o ciclo olímpico, o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) orientaram as confederações a não se comprometerem com a organização de eventos no País, poupando recursos e esforços na preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos. Até agora, exceção ao Mundial de Judô no Rio, em 2013, a torcida só acompanhou pela TV o novo momento do esporte olímpico brasileiro.

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Nem adiantava tentar puxar pela memória. Flávia Saraiva (15 anos), Rebeca Andrade (15) e Lorrane Oliveira (16) nunca haviam sequer assistido uma demonstração de carinho e apoio da torcida brasileira como a que viveram entre sexta-feira e domingo. Especialmente quando ganharam, claro. Flávia competiu no solo ao ritmo das palmas do público e foi ovacionada ao ganhar ouro no solo e prata no salto. Em sua primeira competição adulta, sentiu-se querida, senão por um país, mas pelas milhares de pessoas que estavam ali para representá-lo.

Mesmo Arthur Zanetti, campeão olímpico, não sabia o que era competir diante de um ginásio lotado no Brasil. Aqui é diferente de lá, seja lá onde for. Aqui o Hino é cantado à capela, como bem notou Ângelo Assumpção, 19 anos, em sua primeira vitória internacional. No Brasil, o público levanta quando incentivado por um atleta rival, mas faz barulho ensurdecedor se quem pede os gritos é um brasileiro, como descobriu Francisco Barreto, bronze nas barras paralelas.

Na frente dos juízes, antes da final das argolas, o simpático atleta da Finlândia abriu um sorriso enorme quando Henrique Flores, desconhecido da torcida, foi aplaudidíssimo pela mesma. Depois, cutucou o rival e fez um gesto de "tampa os ouvidos aí senão você vai ficar surdo" quando o próximo da lista do locutor era Arthur Zanetti.

O tempo todo, a palavra da Copa do Mundo foi "teste".Teste para os atletas, para a equipe de forma geral, para as séries, para a reação da torcida, para a relação com o público. Tudo isso é verdade. Mas a experiência mais bem aproveitada foi a descoberta de que ganhar em casa é diferente, é especial. E isso vale para os ginastas que estavam no Ibirapuera e para os centenas de atletas olímpicos brasileiros que nunca tiveram a chance de competir com enorme torcida em casa e que, pela TV, ficaram sonhando com o dia em que chegará o momento deles.

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COBERTURA - O repórter cobriu a Copa do Mundo em dobradinha com a colega Nathalia Garcia. Na sexta-feira, o evento começou com filas e uma polêmica: só horas antes do início da competição o Governo do Estado de São Paulo publicou a liberação de R$ 480 mil em verbas. Em uma competição com poucas estrelas internacionais, o dia foi marcado pela estreia de Flávia Saraiva entre as "adultas".

Apesar de admitirem o peso da pressão das torcida, os atletas brasileiros foram bem no primeiro dia de finais, com quatro medalhas no total. Ângelo Assumpção surpreendeu com o ouro no salto, superando Diego Hypolito, que ficou com o bronze. O garoto do Pinheiros minimizou a disputa com Diego por uma vaga no Mundial. Já o veterano reclamou da intensidade da rotina da seleção e avisou que pode sofrer uma lesão grave.

No domingo, a única dobradinha de ouro e prata do Brasil, com Arthur Zanetti e Henrique Flores, filho do treinador deles. Os dois disseram que a disputa entre eles os deixa mais forte. O destaque do dia, entretanto, foi Flávia Saraiva, com ouro no solo e prata na trave. A técnica Georgette Vidor queria mais e deixou isso bem claro.

Também escrevemos sobre a formação de uma seleção permanente, que causa divergências entre os ginastas brasileiros. No Rio, as equipes masculina e feminina estão treinando juntas em busca de um objetivo comum, o Mundial. Por fim, falamos com Jade Barbosa, Daiane dos Santos e Lais Souza, ícones da modalidade que estiveram no Ibirapuera.

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