Joseph Blatter não resistiu ao furacão que varreu a Fifa nos últimos sete dias. Inseguro a respeito do seu futuro diante das investigações do FBI e Justiça americana, o presidente, desde 1998 no cargo, pegou o boné antes de ser obrigado vestir o "pijama listrado" das casas de detenção.
Com Blatter aniquilado, cabe uma pergunta: como fica a CBF? Na hierarquia da Fifa, os homens da CBF sempre tiveram peso. Uma história que começa nos anos de 1970 com João Havelange, passa por 20 anos com Ricardo Teixeira, um relâmpago com José Maria Marin e, a partir do último dia 15 de abril, com Marco Polo Del Nero.
Eleito presidente da CBF para o mandato de 2015 a 2019, Del Nero é um dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa, o alto escalão da entidade. Del Nero, para quem não acompanhou de perto a crise na Fifa, saiu às pressas de Zurique quando o FBI enjaulou sete dirigentes, entre eles Marin.
De volta ao Brasil, concedeu uma entrevista coletiva constrangedora quando deixou claro o abandono a Marin, detido na Suíça, e a falta de apoio a Blatter, eleito para o seu quinto mandato na Fifa.
Essa "fuga" de Del Nero deixou Marin irritado e Blatter furioso. E as consequências a Del Nero devem ser pesadas. Blatter já prometeu na renúncia nesta terça-feira que vai reestruturar a Fifa. Uma providência é pulverizar o Comitê Executivo, do qual Del Nero é membro efetivo. A outra é distribuir punições aos traidores.
Não será surpresa se Blatter também aplicar uma suspensão à CBF em resposta à detenção de Marin e os malfeitos de Ricardo Teixeira nos últimos anos. Sem falar que é bem provável que o nome de Del Nero apareça com força nas investigações do FBI e Justiça americana.
O futuro da CBF está em jogo com a crise na Fifa. Os clubes brasileiros, que poderiam tomar a frente do processo nessa história, continuam em silêncio.
