Campeão paulista com méritos, o Santos mostra que para levantar a taça do estadual não é preciso um planejamento de primeira. Basta contar com jogadores de peso, algumas promessas e a sorte de ver seus principais rivais com outras preocupações.
Quem apostaria no Santos no início do Paulistão? O clube havia trocado de presidente há menos de um mês. Cofres estavam vazios e as dívidas lá em cima. Salários atrasados se acumulavam. E jogadores importantes pulavam do barco, como Arouca, Edu Dracena e Aranha.
Planejamento zero. Com boa vontade e generosa colaboração do ex-presidente Marcelo Teixeira, o novo mandatário Modesto Roma Júnior conseguiu quitar alguns débitos, acalmou a turma e prometeu pagar algumas dívidas em breve.
Na formação do grupo, teve a sorte de contar com abnegação de Ricardo Oliveira, sujeito a ganhar 50 mangos por mês a fim de provar que ainda estava vivo aos 34 anos. Sem falar em Robinho, também disposto a defender o time mesmo sem ter os salários em dia.
No meio do caminho, Modesto Roma ainda trocou de treinador. Despachou Enderson Moreira e apostou no aprendiz Marcelo Fernandes. Uma tacada de risco que, na maioria das vezes, não funciona. O improviso deu certo.
Os rivais também colaboraram. São Paulo e Corinthians se entregaram de corpo e alma à disputa da Copa Libertadores. E o Palmeiras, em fase de reconstrução, não era páreo forte. Mesmo assim, conseguiu chegar à decisão e só não deu mais trabalho ao Santos por desperdiçar uma grande chance de chegar ao clássico decisivo com a vantagem de dois gols - lembra do pênalti perdido por Dudu?
Assim, nesse cenário improvável, com alguns improvisos, e tendo jogadores infalíveis nos momentos certos, o Santos levou a taça e deixou a lição de que para ser campeão do estadual não é preciso investir muito, nem esperar por milagres.