Vamos lá!
Qual a estratégia da equipe Honda South America Rally Team para o Dakar 2016? Quem são os pilotos? O projeto Honda South America Rally Team (HSA) teve início no fim do ano passado, para participação dos pilotos Honda da América do Sul na edição 2015. A ideia é dar continuidade e seguir com a evolução do trabalho desenvolvido pela equipe, com foco no melhor resultado no principal rali do planeta. Para o Dakar 2016, os pilotos serão os seguintes: o brasileiro Jean Azevedo, o francês Adrien Metge e os argentinos Javier Pizzolito e Kevin Benavides.
O Adrien Metge e o Kevin Benavides serão os mochileiros?Sim, farão o apoio ao Jean e Pizzolito.
Por que desta vez não tem um piloto do Chile? Neste ano o projeto está concentrado no Brasil e na Argentina. Porém, tem uma estrutura flexível e dinâmica, podendo variar nos próximos anos com Chile e Peru.
Por que vocês escolheram um francês para fazer parte da HSA? O Adrien Metge será nosso piloto no Dakar junto com o Jean. Eles se conhecem, participam juntos de competições aqui no Brasil e também já dividiram a mesma equipe, como aconteceu no Rally dos Sertões. Chegamos à conclusão que entre todos os pilotos da Honda o Adrien é a melhor opção. Ele tem grande experiência em provas de rali, teve um ótimo resultado no Rally dos Sertões e fala o idioma oficial da organização, que é o francês. Ele também é irmão do Michel Metge, piloto oficial da HRC (Honda Racing Corporation).
Como você avalia o novo roteiro do Dakar, com Argentina e Bolívia e sem as dunas do Atacama? O novo roteiro será mais rápido do que os anos anteriores, já que não teremos dunas do deserto do Atacama, no Chile, e nem no Peru. Os dois países, como sabem, decidiram não participar da prova em 2016, ficando apenas Argentina e Bolívia. Tenho certeza que faremos o acerto ideal das motos Honda CRF 450 Rally para esse novo formato de roteiro.
Qual a expectativa da Honda em relação ao Dakar 2016? A Honda sempre entra em uma competição com vários objetivos, e um deles é vencer. Mas também patrocinamos eventos, pilotos e equipes com o objetivo de promover a marca, fazer relacionamento com o público e concessionários e, principalmente, para desenvolver produtos cada vez melhores.
Por que apostar somente no Jean Azevedo? Não têm outros pilotos brasileiros que poderiam participar da equipe Honda South America Rally Team?O Jean é o melhor piloto de rali brasileiro da atualidade, com várias participações no Dakar, tanto de moto quanto de carro, com resultados muito expressivos, como a vitória de etapas na África, e um quinto lugar na classificação geral. Sem contar os seis títulos no Rally dos Sertões. Aos 41 anos, esta será a 18ª vez que Jean vai encarar no Dakar. É nesta experiência que a Honda aposta.
O que aconteceu com o Jean Azevedo no Dakar 2015, que não obteve o resultado esperado? Ele não estava com a moto Honda CRF 450 Rally?O Dakar 2015 foi uma prova duríssima e o Jean Azevedo conseguiu finalizar a competição em meio a tantas dificuldades. O 22º lugar não foi o esperado, mas o objetivo de fazer os testes no equipamento por um piloto experiente, como o Jean, foi cumprido. A moto utilizada pelo brasileiro foi uma versão da CRF 450 Rally usada pela HRC.
Quais as principais diferenças entre a moto CRF 450 Rally, utilizada no Dakar, e a CRF 450X, utilizada em provas nacionais, como o Rally dos Sertões?O modelo CRF 450 Rally é um protótipo baseado na CRF 450X, moto de enduro/rali da Honda. A primeira versão da CRF 450 Rally foi desenvolvida para o Dakar 2013. Após a competição, foram levantadas informações referentes à potência do motor, desempenho aerodinâmico, durabilidade e manutenção, que foram usados como base para futuras modificações no design e melhorias.Há rumores de que nos próximos anos o Dakar poderá largar no Brasil, do Paraná ou Rio Grande do Sul. Como você vê essa possibilidade? Considera interessante para o desenvolvimento do esporte aqui no país?Nós patrocinamos o Rally dos Sertões, no Brasil. Em nível mundial, a Honda patrocina a empresa francesa A.S.O., organizadora do Dakar. Com certeza seria muito importante para o desenvolvimento do esporte a largada do Dakar em alguma cidade brasileira.
E o que você acha de o Brasil fazer parte da rota do Dakar?Ter uma prova internacional, sendo a principal e mais difícil prova off-road do mundo no Brasil, é muito importante para o desenvolvimento do esporte. Seria mais um grande evento esportivo no país, que recebeu a Copa do Mundo em 2014 e receberá as Olimpíadas em 2016. Com a passagem do Dakar no Brasil, abrem-se portas para que mais pilotos brasileiros possam participar da competição, além de ser uma ótima oportunidade comercial. Contudo haveria de qualquer forma grandes desafios pela frente, além do momento que o país atravessa seria fundamental a cobertura ampla e extensa da mídia brasileira, fator chave de retorno do investimento dos patrocinadores.Leia entrevista com Guilherme Spinelli, da Mitsubishi, sobre a participação da marca no Dakar 2016.
Ricardo Ribeiro, paulista, 44 anos, é jornalista, louco por internet, tecnologia, fotografia e café. Já participou dos maiores ralis do mundo, como o Paris-Moscou-Ulan Bator-Pequim, entre França, Alemanha, Holanda, Finlândia, Rússia, Cazaquistão, Mongólia e China. Também cobriu quatro vezes o até então 'Paris-Dakar' no Marrocos, Mauritânia, Líbia, Egito, Tunísia, Mali, Burkina Faso e Senegal, na África. Já trabalhou na divulgação de mais de 10 edições do Rally dos Sertões, Enduro da Independência e Rally Cerapió/Piocerá, no Brasil. O conteúdo produzido por Ricardo Ribeiro foi amplamente divulgado pelo jornal O Estado S.Paulo, Jornal da Tarde, Agência Estado, Rádio Eldorado e pelos canais ESPN Brasil, Band, Record e SBT, além de importantes revistas especializadas como Quatro Rodas.