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Bastidores e curiosidades do Dacar

Paulo Gonçalves e a lama: conheça a história do cara que fez história no Dakar

Dia de descanso no Dakar. Hora de recarregar as baterias!

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Por Ricardo Ribeiro
Atualização:

Vamos registrar um fato que acaba de entrar para a história do maior rali do mundo.

Na etapa de sábado do Dakar 2016, entre Uyuni (Bolívia) e Salta (Argentina), uma cena que só é protagonizada por heróis, por pessoas de caráter, por humanos de verdade, por pessoas do bem.

Paulo Gonçalves, piloto da HRC. Foto: DPPI

Vou resumir: o português Paulo Gonçalves, da equipe HRC (Honda Racing Corporation), chegou à metade da competição como líder das motos na classificação geral.

Em um dos trechos, enquanto acelerava a mais de 130 km/h, ele viu um adversário caído: moto de um lado, piloto do outro. Era o austríaco Matthias Walkner, da KTM, super rival da Honda no Dakar.

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O portuga não teve dúvidas. Parou na hora, mesmo sabendo que poderia comprometer anos de trabalho pela Honda, para ajudar o colega. Ficou parado ali 10min53s até ter a certeza de que Walkner seria socorrido.

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Óbvio que a organização descontaria o tempo que ele ficou com o colega, mas a atitude dele foi digna de aplausos. Mesmo recebendo de volta o tempo perdido, Paulo sabia que poderia ter a prova prejudicada por vários pilotos mais lentos à sua frente, obrigando-o a andar mais devagar e dificultando as ultrapassagens. E isso poderia comprometer a liderança do Dakar e até mesmo uma possível vitória de uma das provas mais cobiçadas do planeta.

Paulo foi digno! Paulo foi honrado! Paulo foi corajoso! Paulo foi fodástico pra c....

A imprensa do mundo inteiro só quer falar com o Paulo Gonçalves sobre a ajuda ao adversário Matthias Walkner. Foto: Divulgação/HRC

O vídeo do Paulo Gonçalves parando para ajudar o piloto da concorrência está rodando pelo mundo. Vários "memes" surgiram na internet com palavras do tipo "Orgulho", "Rei" e por aí vai... A sorte é que tinha um helicóptero de filmagem bem em cima. Afinal, o cara é o líder e todas as atenções estão voltadas pra ele. Graças ao helicóptero é que esse gesto de humanidade (e humildade) vai entrar para a história do Dakar e do esporte a motor.

"Fiz aquilo que me competia, ao contrário acredito que fizessem o mesmo por mim. O Dakar é uma aventura de muito risco, de muito sacrifício, damos tudo por tudo ao longo de vários dias, milhares de quilômetros, e o risco está sempre à espreita. Não sou um herói, sou um ser humano com respeito pelos outros. A nossa vida vale mais que qualquer vitória, sem ela não vencemos!" - Paulo Gonçalves, sobre o socorro a Matthias Walkner

Muita gente deve estar falando agora que "todos fariam a mesma coisa" (parar para ajudar outro piloto). Não, não mesmo.

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Uma história parecida aconteceu justamente com Paulo Gonçalves, no Dakar 2012. Protagonistas do filme: ele e o francês Cyril Despres, que hoje corre nos carros. Resumindo: Despres atolou a moto. Paulo foi ajudar o adversário a tirar a KTM da lama. Sabe o que Despres fez depois? Subiu na moto e foi embora, deixando Paulo pra trás.

Achei um vídeo no Youtube muito ruim (alguém filmou a tela da TV), mas mostra a história toda.

Esse fato ficou engasgado por muitos anos na garganta dos fãs do Paulo Gonçalves e também daqueles que defendem o fair play no esporte e na vida.

Não é à toa que Paulo Gonçalves está sendo endeusado pelo mundo. Não é à toa que seu vídeo ajudando o adversário da KTM já foi visto por quase 2 milhões de pessoas.

Dakar 2016, sábado, 9 de janeiro de 2016, etapa Uynui-Salta. Mais um capítulo criado na história da competição.

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Valeu, Paulo, pela inspiração saudável que os bons (somente os bons) vão levar para a vida toda. Seja na trilha do Dakar ou no dia a dia em casa, no trabalho, no relacionamento com nossos filhos, nos negócios, na família etc.

Ainda falta muito chão para terminar o Dakar. Se você for campeão, ou não, pouco importa. A sua história já está escrita.

Obrigado, Paulo!

Em tempo. E tem muito herói aqui no Brasil também! (Peguei a frase no Facebook da equipe Mitsubishi Petrobras sobre a pauleira enfrentada pela dupla brasileira nos carros).

Durante a prova, após passarem em um trecho muito acidentado e cheio de pedras, um dos rolamentos da roda apresentou problemas. Mas é na dificuldade que surgem as ideias, soluções e até mesmo improvisos, que são essenciais para um rali tão duro como esse. Eles pararam por diversas vezes para fazer o reparo. Mesmo diante das situações, desistir não estava nos planos da dupla. Diminuíram o ritmo e foram se superando a cada quilômetro, até optarem por eles mesmos fazerem o conserto. Piloto e navegador começaram um intenso e demorado trabalho de reparação, mesmo sem a preparação necessária para isso. O que em uma oficina, com os equipamentos certos, poderia ser realizado em pouco tempo, levou muitas horas. E isso em meio a condições adversas, como a poeira, calor e o frio que veio ao cair da noite. Somado tudo isso a alta quilometragem do dia, o trabalho varou a madrugada. Mesmo depois de consertado, seguiram lentos para completar o dia e não danificar nada mais no veículo. Mas valeu a pena! A dupla conseguiu o impossível e levou o carro até Salta, onde será inteiramente revisado pela nossa equipe. Agora é aproveitar o dia para o merecido descanso!!! - Equipe Mitsubishi Petrobras

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João Franciosi e Gustavo Gugelmin já entraram para a minha lista. No sábado eles tiverem problemas com a Mitsubishi ASX e só chegaram no acampamento às 13:20 (horário de Brasília) deste domingo. Foram 26 horas de perrengue com o rolamento da roda quebrado. Estão mortos de sono e de cansaço. Por pouco não são obrigados a abandonar o Dakar. Mas aí não teria graça. Eles são brasileiros e não vão desistir tão fácil!

Durmam bem, descansem... amanhã tem mais! Vai Brasil!

E Leandro Torres e Lourival Roldan estão mandando muito bem nos UTVs. Lori tem mega experiência no Dakar e Torres é estreante.

Roldan estava animado no dia de descanso. Acompanhou de perto a manutenção do UTV Polaris, bateu papo com os mecânicos e amigos e ainda teve tempo para saborear o churrasco na equipe Extreme. A dupla está bastante animada e vai começar a segunda metade do rali pisando fundo.

Acelera!

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Valeu!

João Franciosi e Gustavo Gugelmin, da equipe Mitsubishi Petrobras. Foto: Victor Eleutério

 

Lourival Roldan, navegador do UTV do piloto Leandro Torres. Foto: Gustavo Epifânio/Fotop/Vipcomm

Leandro Torres e Lourival Roldan competem no UTV Polaris. Foto: José Mario Dias/Fotop/Vipcomm

 

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