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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|A lição do Cruzeiro, bicampeão brasileiro, precisa ser aprendida pelos rivais do País

Com duas rodadas de antecedência para o fim da temporada, o time mineiro garante a taça, sua segunda na temporada, uma vez que também ficou com o Estadual

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Atualização:

As quatro estrelas do Nacional do Cruzeiro Foto: Estadão

O Cruzeiro é bicampeão brasileiro. Ganha do Goiás por 2 a 1 e não pode mais ser alcançado por nenhuma outra equipe, de modo a dar a volta olímpica no Mineirão com duas rodadas de antecedência. O futebol bem jogado é premiado. O futebol bem organizado é premiado. O futebol de grupo é premiado. Dessa forma, o Cruzeiro deixa uma lição ao futebol nacional e aos seus concorrentes, que agora aplaudem a bandeira azul das estrelas brancas.

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Há muito o que olhar para esse Cruzeiro, maduro em todos os seus aspectos, formado por jogadores de grupos e que entenderam bem a proposta do técnico Marcelo Oliveira, um comandante desprovido dos holofotes, mas consciente de sua importância para a conquista. Marcelo Oliveira soube levar seus jogadores, tirando deles a vaidade natural de cada um nessa profissão e dando a eles um objetivo claro na carreira, na temporada. O Cruzeiro mereceu cada vitória no Brasileirão deste ano, todas elas transformada numa única, nesta diante do Goiás que consumou todo o trabalho.

Não é à toa que se cobra planejamento dos clubes de futebol. O Cruzeiro é a prova mais evidente de que organização dá frutos. Times que trocam de treinadores a cada dificuldade, a cada derrota, que não escolhem direito seus comandantes e elencos, não vão para frente. Dias antes de o Cruzeiro erguer a taça havia clube neste mesmo Nacional demitindo técnico e mandando jogador embora. Em sua festa ainda no Mineirão, Marcelo Oliveira condenou o calendário do futebol brasileiro, confeccionado pela CBF sem o cuidado necessário para que os times não sofram, não tenham de jogar duas competições ao mesmo tempo, não se desdobrem para entrar em campo inteiros e honrar suas bandeiras e torcida. O alerta precisava ser dado por alguém que vive a alegria da conquista, porque dessa forma não se configura desabafo de perdedor.

Por fim, em campo, onde o Cruzeiro mais brilhou, é preciso tirar o chapéu para esse elenco, comandado por Ricardo Goulart e Everton Ribeiro, mas com muitos outros de referência, a começar pelo goleiro Fábio, o capitão cruzeirense. Os jogadores tornaram-se fundamentais para a equipe durante a temporada, com bola no campo. Compraram o projeto do treinador e da diretoria, que facilitou toda essa condição, e trataram de se ajudar. Quando se tem um Dagoberto, cinco vezes campeão brasileiro, e um Julio Baptista no banco de reservas sem criar caso, esperando pelas chances e, quando elas surgem, fazendo de tudo para agradar ao torcedor, é porque o time está mesmo no caminho certo.

Dessa forma, campeão nacional, o Cruzeiro faz inveja (positiva) aos concorrentes, de Minas e do Brasil, e soma seu segundo título importante, uma vez que também festejou o Estadual deste ano. Parabéns ao Cruzeiro e que suas lições, sobretudo desta temporada, sirvam para melhorar o futebol brasileiro de modo geral.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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