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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Bauza não tinha o que fazer diante do convite para comandar a Argentina

Nem o São Paulo podia impedir a realização de tamanho sonho e importância

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

A sina do São Paulo tem sido perder treinadores para seleções. Aconteceu com Osório, que se mandou para o México, e agora com Edgardo Bauza, o Patón, que vai para a Argentina. Mas são casos diferentes. O primeiro chegou deslumbrado com o clube do Morumbi, descobriu que boa parte do que lhe foi prometido pelo então presidente Carlos Miguel Aidar não passava de lorotas e cavou sua saída na primeira oportunidade, sem deixar saudades. Era simpático, esforçou-se para falar português, virou caricatura com suas canetas penduradas na meia, mas de concreto não deixou um legado, tampouco soube usar e recuperar alguns bons jogadores do elenco, como Ganso.

 Foto: Estadão

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Bauza trouxe para o São Paulo um pouco do profissionalismo argentino, de um trabalho que só visa vencer e não formar, de um convívio que foi dando certo porque ele fez o time jogar mais e melhor, como se viu do mesmo Ganso em suas mãos. Tanto fez Ganso jogar que o meia foi parar na Europa. Tanto se destacou na Libertadores, com uma recuperação em que não se acreditava, que despertou o interesse da AFA, a Associação de Futebol da Argentina, em meio à bagunça de gestão em que a entidade se encontra. Precisou vir para o Brasil para entrar na lista dos técnicos argentinos em condições de comandar a seleção, melhor da América, vice-campeã do mundo e da Copa América e com Messi.

Se vai dar certo, ninguém sabe. Seus antecessores não deram certo comandando a boa geração liderada por Messi (foto). O time argentino não ganha um caneco importante desde 1993. É muito tempo quando se tem um elenco como é o argentino. Disse 'sim' antes mesmo de receber o convite oficial.

O São Paulo não tinha o direito de impedi-lo, dada a importância do convite. Bauza não trocou o São Paulo por outro time qualquer, do Brasil, da Argentina ou da Europa. Não foi dinheiro que o motivou, como na maioria dos casos. Ele trocou o São Paulo por sua seleção, em que jogou e torce, em que se mirou quando começou a carreira. Oportunidade única, com dois anos para uma Copa do Mundo, com Eliminatórias pela frente, com o desafio de recuperar Messi e fazê-lo voltar atrás em sua decisão de não defender mais a equipe nacional, de ganhar um Mundial, o da Rússia. Tudo isso pesou na decisão. Tudo isso é muito fácil de ser entendido pelo presidente do São Paulo, por seus jogadores e torcida.

O único senão é que a saída de Bauza acaba com qualquer pretensão de trabalho e conquista do São Paulo na temporada. O time perdeu jogadores importantes, como Ganso, Kardec, Calleri e agora fica sem comandante. É muita baixa de peso em curto espaço de tempo. Ao São Paulo resta evitar a queda para a Segundona e tentar ir o mais longe possível na Copa do Brasil, sem pressão e sem qualquer cobrança de sua torcida. O São Paulo sofreu muitos baques neste ano.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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