Fábio Carille já bebeu da água de Tite e de Mano Menezes, talvez os dois melhores treinadores que o Brasil tem no momento. Se ele prestou atenção nos ensinamentos e modos de trabalho da dupla, o técnico do Corinthians tem grandes chances de se dar bem no cargo que assumiu por falta de opção no mercado. Carille fez com que o torcedor ao menos soubesse na ponta da língua a escalação do time: Cássio, Fagner, Pablo, Balbuena e Arana; Gabriel, Maycon, Jadson e Rodriguinho, Romero e Jô. A distribuição tática é válida somente para organizar a equipe na saída de bola. Depois, o 4-1-4-1 sofre transformações de acordo com o andamento do jogo. É tudo muito parecido depois que a bola rola.
Esse Corinthians tem de bom a solidez de sua defesa, a boa marcação no meio de campo e a inteligência de Rodriguinho, Jadson e Jô. O atacante também tem feito bem o seu trabalho de conclusão. São 11 bons jogadores, até mesmo o limitado Romero tem feito função importante de ajudar a marcar pelas beiradas. Mesmo com todas as suas deficiências técnicas, o paraguaio consegue ser mais útil do que boa parte dos atacantes do elenco, todos eles no banco depois de chegarem com boa dose de badalação.
Após disputar a maior parte do Campeonato Paulista, com chances claras de chegar à final, e de uma Copa do Brasil de testes importantes, para técnico e time, o Corinthians tem também na postura em campo um dos caminhos de provável sucesso no semestre. Carille e os jogadores assumiram sua condição. Isso quer dizer que olham para alguns rivais e tentam jogar nos erros deles, humildemente. Foi isso que Rodriguinho comentou sobre a partida com o São Paulo pela semifinal do Estadual. Atuando em casa, diante de sua torcida e com um time teoricamente mais forte, o São Paulo tinha tudo para atropelar o Corinthians, que soube esperar os momentos e as brechas para mostrar suas armas e, assim, fazer 2 a 0 e encaminhar sua classificação em pleno Morumbi. Antes disso, se valeu do mesmo expediente para empatar com o Inter no Beira-Rio pela Copa do Brasil.
O problema desse Corinthians é quando Carille perder um dos seus 11. Ele não tem no banco reservas à altura, e há muitos jogadores em má fase. Para as finais do Paulista (jogo com o SP e, se passar, duelos com Palmeiras ou Ponte), o treinador não terá problemas, mas não tenho a mesma certeza no restante da Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, que começa dia 12. Somente com os 11, não será fácil para o Corinthians. E Carille já sabe disso.